I Hope...

(Imagem: Link)


Com o findar de mais um ano, para mim tão igual a tantos outros que mal consigo distingui-los, é inevitável que reflictamos um pouco, independentemente do simbolismo que atribuamos ou não, a uma rotina que pouco mais significa que um virar de página do calendário.

Qual a minha reflexão, no dia de hoje?

Jamais seremos capazes de encontrar respostas para determinadas dúvidas que surgem ao longo desta nossa fugaz passagem pela existência física, quiçá, a única que algum dia conheceremos.

Sempre achei que residia apenas nas minhas mãos, a responsabilidade pela realização ou não, de todos os sonhos que um dia ousei ter...
Hoje troço de mim próprio... "Como eras inocente, rapaz..."
Afinal, estava redondamente enganado.

Para o novo ano, que para mim será de mudanças drásticas (para o bem ou para o mal), apenas espero, menos sofrimento, e um pouco da paz que há muito não tenho, da paz que desejo há tanto tempo que mal me lembro do que ela significa, a paz, a paz...

Um grande 2009 para todos vocês, são os desejos sinceros deste louco desinspirado que há mais de dois anos teima em continuar a massacrar-vos com os seus devaneios.

Até sempre...

Children Of The Damned





Peço desculpa pelos problemas que os leitores que utilizem browsers como o Firefox, o Opera ou Google Chrome, estão a sentir na visualização deste blog. Parece existir um conflito qualquer com o HTML do template, ao qual sou completamente alheio. Estou a desenvolver esforços no sentido de resolver a questão, solução essa que em última análise passará pela substituição do modelo actual, no entanto, preferia não ter de o fazer para já, pois fui eu próprio que o modifiquei a partir de um base do blogger, e detestaria ver desperdiçadas todas as horas de trabalho nele investidas.
Espero que entendam, e quem tiver o Internet Explorer (que vem instalado por defeito nos sistemas operativos Windows da Microsoft) faça o favor de abrir lá este endereço, pois ao que parece, é o único a não apresentar quaisquer problemas na visualização de todo o conteúdo do blog.
Obrigado

To The (un)Known Girl


(Imagem: Link)



Momentos de pura magia que nos desligam por completo, de insossas e sofríveis realidades, como que melodiosas execuções musicais num simples piano, pelas mãos do seu mestre, fazedor de sonhos, intérprete de utópicas composições por vezes tão perdidas no tempo, que é preciso quase um milagre para que nos apercebamos da sua imensidão.

Eras assim. Beleza no seu estado puro, a aurora imaculada dos meus dias mais felizes, ou o ocaso no oceano dos mais ardentes desejos de uma noite inesquecível.
Todos os dias eu me deitava, e sonhava com o momento em que os nossos corações haveriam de tocar-se, quando unidos pelo mais desejado de todos os abraços, no augurado momento de um encontro que jamais aconteceu.

Soube-o desde sempre. Idiota, aquele que nasceu para tostão, e aspira um dia chegar a milhão. Mas eu quis sê-lo. Quis acreditar novamente, contra tudo e contra todas as probabilidades, e o final, previsível, efémero, antes ainda do previsto. Por mim, claro. Do outro lado, tudo parecia calculado ao milímetro, como não poderia deixar de ser.

Cansado... De um mundo virtual que mais não tem proporcionado senão desilusões. De uma vida agonizante que parece não ter fim, de um espírito aprisionado dentro de um corpo, de um local e de um mundo que para ele não foram feitos, e que dele mais não obterão senão a perpétua rejeição, consciente que estou da proximidade de um final cada vez menos distante, ansioso pela doce libertação que desejo mais do que a qualquer outra coisa, desde que me conheço.

When I pass, speak freely of my shortcomings and my flaws. Learn from them, for I'll have no ego to injure. [Aaron McGruder]

...

Abri os olhos e já lá não estavas.
A cama pareceu-me maior que nunca, cheia de um gelado vazio, no lugar que por ti antes fora aquecido.

O coração agita-se e parece querer saltar fora do peito.

"A pressão do sangue nas artérias é tão alta que há-de matar-te, rapaz."

Pouco me importa. Se da maior liberdade me privas, liberta-me ao menos do peso tremendo de uma vida em constante desnorte. Não deixes que me leve por fim, a loucura que espreita por baixo da porta, furiosa, desejosa de me tomar nos seus braços e sugar o que de mim resta, alimentando-se por fim, depois de tanto esperar.

Eu não sou a alvorada que consola de manhã os vossos corações tumultuosos.
Sou, o perpétuo trovão que vos assusta e queima, nas noites frias das vossas inquietudes.

A mais não aspiro. Mais não me exijam. Tende piedade de mim.

aMéN.

Amen



Cover de uma grande música dos tempos em que os Blind Zero eram uma das melhores bandas Grunge do mundo, feito por um fã, e cujo resultado final é, a meu ver, excelente.

Biding Our Times

(Imagem: Link)


Faltam palavras. Palavras capazes de descrever o indescritível, de fazer jus ao que se julga sentir, capazes de alimentar os vossos olhos: ávidos de explicações coerentes, temerosos pela expectativa de um mau augúrio, mas esperançosos num desfecho menos cruel que o habitual, só para variar.

Mas o que estou para aqui a dizer? Chamem-me louco, uma vez mais. Já perdestes certamente a conta, à quantidade de “historiazinhas” que aqui vos contei. Sabei-las surreais, pois pensais: quem, no seu perfeito juízo, é capaz de tão grandes mudanças, em espaços de tempo tão diminutos?

Gravepisser, mas quem diabos escolheria tal idiotice para nickname? Life Is Killing Me??? Mas a que brilhante conclusão chegou este tipo, é preciso ser um iluminado para descobrir tal coisa, a vida mata, as vivências matam e ninguém fica cá para semente. Ninguém fica cá para contar a história…

… E é por isso que este blog existe. Porque, ao contrário do seu autor, ele cá ficará para contar a(s) história(s), reais ou fictícias, como queiram: importante é que elas existam.

Gostem ou não, Gravepisser por cá continuará, por tempo indeterminado: até que a morte, ou a falta de inspiração, nos separem para sempre.

E para ti que lês isto: gosto da tua história, e não tenho segundas intenções. Só para que fique publicamente esclarecido, ainda que tal não fosse, obviamente, necessário. A música é para ti, por nenhum motivo em especial. Apenas e só, porque me apetece.


P.S.: Desculpem lá a atipicidade do post. Foi só para descomprimir. Espero voltar aos maus velhos tempos muito em breve. ;)



Into Nothingness - Part II


(Imagem: Link)



Concentração de uma força vital quase extinta, nas palmas de umas mãos já demasiado calejadas pelo bafejar de tumultuosos passados, como que alegra as hostes e permite a formulação de novos sonhos, esquecidos os antigos, digeridos os pretéritos recentes, desprezada novamente a tal lógica que, uma vez mais, e como dantes, não receia enfrentar. Por mais que saiba, de antemão, que a probabilidade de tal atitude o conduzir, de novo, à desgraça, é elevada, a tentação é, para não variar, demasiado irresistível para um espírito tão irrequieto como o seu.

Era esta a solução que imaginavam, depois das reticências no final do anterior texto? Ahh... Como sois bondosos... Não dizeis nada a ninguém, mas o espírito da personagem é demasiado preguiçoso para conseguir acordar e colocar em prática os melhores sonhos que povoaram à noite a sua mente! Já dos piores, não se pode dizer o mesmo... Eles fazem questão de ganhar vida própria, e de se lhe apresentarem à frente com o maior dos descaramentos, como quem diz, "não te esqueças de nós!"...

A necessidade de veneno a correr-lhe nas veias, é apenas comparável à insaciável fome de pequenos prazeres que apresenta, na forma de uma crónica apenas escrita na sua mente, pintada de branco num hipócrita disfarce para quem nele quiser acreditar, de coração mais negro que a perpétua escuridão que assola os seus dias. São apenas letras, aos molhos, cuidadosamente seleccionadas e para aqui atiradas, em forma de pequenos parágrafos que se espalham pelos posts deste blog como que de uma qualquer doença contagiosa, potencialmente fatal, se tratasse.

E vocês nunca desistem, voltam sempre para ler mais um capítulo de uma história cujo final estão longe de imaginar. Eu próprio tenho sérias dúvidas acerca do mesmo... Mas por cá continuarei. Até ver...

I hope that when the world comes to an end, I can breathe a sigh of relief, because there will be so much to look forward to... [Do filme Donnie Darko]

[The End]

Into Nothingness - Part I


(Imagem: Link)


Quem o olhava, ao longe, julgava-o possuidor de um frágil espírito, por trás de tão abastado corpo. Foram muitos aqueles que, ao longo dos tempos, se lhe acharam superiores, ou pelo menos, capazes de se lhe superiorizar, de uma forma ou de outra.

"É um fraco. Só pode, com aquela cara de anjo... Rapidamente o neutralizo e absorvo os proveitos da sua posterior ausência. É canja."

No fundo, este pensamento tomou conta do cérebro de imensas pessoas, cegando-as, incapacitando-as de ir mais além, no que às relações interpessoais diz respeito.
Também porque, diga-se, nada fez, jamais, para contrariar uma ideia que apenas ele sabia ser errada, e que nunca o incomodou o suficiente para o obrigar a alterar rotinas ou modos de ser/estar, pois sabia, ser o único senhor de si próprio, e jamais iria permitir que a opinião de outrem se sobrepusesse aos seus próprios conceitos de vida.

As consequências de tal teimosia, porem, vir-lhe-iam a custar bastante caro, como é possível imaginar. Afinal, nós não vivemos numa sociedade suficientemente evoluída, democrática ou humana, capaz de absorver, aceitar e até promover as diferenças, sejam elas de que espécie forem. E ele nem era assim tão "diferente" quanto isso.

Posto isto, a possibilidade de alcançar a felicidade, neste cenário, pouco mais é que utópica.

A não ser que...
(to be continued...)


Sweet Band O'Him...




Isto é só para vos recordar, ao que soa uma das melhores bandas da história do rock, ou pelo menos, ao que SOAVAM quando ainda o eram, uma banda.
Apenas e só porque a teimosia do senhor Axl Rose foi avante, o famigerado Chinese Democracy chegará às lojas nos próximos dias, e pelo single de avanço que por aí ouvi, este promete... Desiludir.
Isto, se ainda havia alguém iludido, pois desde a debandada geral de Slash e companhia, pouco mais seria espectável senão o pobre registo que se avizinha...

Oxalá eu me engane, mas...

No Dreamer


(Imagem: Link)



Do suspiro que alivia o peito a seguir ao choro, nada mais se espera senão a merecida acalmia, depois da tempestade.
Mas não, já deveria saber que tal coisa é impossível, se dos dias que acabam, distorcidos, se não pode extrair a noite, serena, mais do mundo se não pode esperar senão o buraco, lamacento, que haverá de sugar-nos a todos quando do céu tiver caído toda a água, também ela incapaz de lavar a alma dos que sofrem injustamente, finando-se desta forma na terra enegrecida pelo fogo que consome os espíritos errantes de todos os fracos por quem a história não rezou.

Não existe paz na vida dos esquecidos, como não existe bondade nos corações de quem no mundo os abandonou, entregues à cruel sorte dos sapatos e das botas que se encarregam de os pontapear, rebaixando-os à triste condição de suplentes numa equipa de titulares imortais que nunca perdem, impossibilitando-os assim de entrar em jogo, de contribuírem também eles para a herança dos descendentes que ainda ajudarão a criar, por mais que jamais lhe reconheçam tais capacidades.

Foi assim que o mundo foi criado. E sempre assim será, pelo menos enquanto por cá reinar a crueldade dos indignos, a tacanhez dos fartos e o cinismo dos ingratos.

Sonhos? Também os tive... Mas morri antes de os poder concretizar. Lamento... Lamento imenso, mas não conteis comigo. E não me pergunteis porquê, a resposta deixar-vos-ia ainda mais confusos do que aquilo que ficastes, depois dos anteriores parágrafos, e eu não quero ser responsável por nós na cabeça de mais ninguém, além das pessoas estrita e lamentavelmente necessárias...

Peace.


Saeglopur






á lífi (Alive)
Kominn heim (Has returned home)
Sæglópur (A lost seafarer)
á lífi (Alive)
Kominn heim (Has returned home)
það kemur kafari (A diver comes)...


... Esperemos que assim seja... ... ...

I Remember You!


Na falta de inspiração para mais, cai sempre bem um clássico. Ou não?

L.



Finalmente, a oportunidade de colocar aqui um vídeo de excelente qualidade, realizado por um fã para a música "L." do último álbum (Zoom Code) da melhor banda nacional (ThanatoSchizO, obviamente).
Enjoy!

No Rushes


(Imagem: Link)


Queria sangue. Espalmar as árvores, observar através do chão, as raízes de uma vida em queda livre, teimosamente suportada pelos ramos imaginários de amores passados, utopicamente presentes nos seus dias.

Cansados, já demasiado vítreos, incapazes de arrancar do asfalto mais do que o azedo negrume de todas as desilusões, os mesmos olhos que um dia foram capazes de ver além do horizonte, por hora mais não eram que o reflexo de todo o mal do universo, contidos na pequena caixa que, aquando da sua própria morte, descerá consigo até aos confins do mundo, flutuando através de um universo paralelo que converge céus e infernos, não divinos, apenas e só, (des)umanos.

Por fim rendido à insignificância da carne, compenetrado em pensamentos moribundos como o seu coração, eleva-se ao altar supremo das suas frustrações, e troçando de si próprio, munido de um sarcasmo atroz, ridiculariza-se perante um mar de risos que só ele próprio ouve, imaginando-os porventura, como os juízes supremos do único tribunal do mundo capaz de o julgar.

Reinos supremos aguardavam por si. Aprestam-se a pressioná-lo dia após dia, pois dizem, e passo a citar, "é tão vasto este mundo que aqui ninguém espera por ti, por mais que sejas aí, o mais perfeito epítome da pior espécie que a natureza ousou criar: o ser humano."

Apressar-se-à, não se empolguem! Só está à espera que a principal guerra saia de cena, pois em circunstância alguma seria capaz de trair e abandonar os seus. E é essa, a única falha subtractível de uma equação que engloba a soma de todos os males, contidos num pacote existencial que jamais deveria ter conhecido a luz do dia...



Never Miss a Beat!




E eis senão quando, mergulhado no mais profundo marasmo sonoro, esgotados que estão os sentidos pelas sucessivas audições dos novos trabalhos de Metallica e AC/DC, surge esta lufada de ar fresco.
Admito que nem conhecia o trabalho desta banda, não fazem propriamente o meu estilo, mas adorei a música. E a letra peculiar, diz muito sobre a maioria dos meus dias...

What did you learn today?
I learned nothin
What did you do today?
I did nothin
What did you learn at school?
I didn't go
Why didn't you go to school?
I don't know...


Podia dar-me para pior, de facto. Que querem... Aguentem-se!

Their Night

(Imagem: Link)



"Noite, vão para ti meus pensamentos,
Quando olho e vejo, à luz cruel do dia,
Tanto estéril lutar, tanta agonia,
E inúteis tantos ásperos tormentos...

Tu, ao menos, abafas os lamentos,
Que se exalam da trágica enxovia...
O eterno Mal, que ruge e desvaria,
Em ti descansa e esquece alguns momentos...

Oh! Antes tu também adormecesses
Por uma vez, e eterna, inalterável,
Caindo sobre o Mundo, te esquecesses,

E ele, o Mundo, sem mais lutar nem ver,
Dormisse no teu seio inviolável,
Noite sem termo, noite do Não-ser!"

(Antero de Quental, "Nox")



... Esperou, esperou, esperou... Mas o sol nunca mais vinha.
Irado, com os olhos raiados de sangue, vociferou então, que haveria de ser morcego, se à luz cruel dos seus dias escuros bem nenhum chegava, seria a noite companheira de todos os vícios, resquícios de vivências inundadas por impensáveis demências.

Foi este o mundo que criastes! Dele deveis estar orgulhosos, todos vós que contribuístes para este seu estado de graciosa desgraça! Pois ficais a saber: Demito-me de quaisquer responsabilidades. Não fui eu que errei na dosagem, o saco que dizia "soma de todos os males" era maior, de facto... Mas era suposto terdes adicionado apenas uma colher, assim não! Estragastes o bolo, e agora, tudo está perdido.

E o que nos resta?
A noite.

Em todo o seu esplendor, rainha dos errantes que deambulam pelas ruas sem destino, condenados ao cruel desprezo por um mundo que não ajudaram a destruir... À noite.



(s)Aint

"I don't care if your world is ending today
Because I wasn't invited to it anyway
You said I tasted famous, so I drew you a heart
But now I'm not an artist I'm a fucking work of art
I got an F and a C and I got a K too
And the only thing that's missing is a bitch like yoU

You wanted perfect
You got your perfect
Now I'm too perfect for someone like you
I was a dandy in your ghetto with a snow white smile
But you'll ever be as perfect whatever you do

What's my name, what's my name?
Hold the S because I am an AINT
What's my name, what's my name?
Hold the S because I am an AINT

I am a bonetop, a death's head
On a mopstick
You infected me, took diamonds
I took all your shit
Your "sell-by date" expired,
So you had to be sold
I'm a suffer-genius and
Vivi-sex symbol

You wanted perfect
You got your perfect
Now I'm too perfect for someone like you
I was a dandy in your ghetto with a snow white smile
But you'll never be as perfect whatever you do

What's my name, what's my name?
Hold the S because I am an AINT
What's my name, what's my name?
Hold the S because I am an AINT

I've got an F and a C and I got a K too
And the only thing that's missing is yoU
I've got an F and a C and I got a K too
And the only thing that's missing is a bitch like yoU
I've got an F and a C and I got a K too
And the only thing that's missing is a bitch like yoU
I am a dandy in the ghetto with a snow white smile
Super-ego bitch, I've been evil awhile
I am a dandy in the ghetto with a snow white smile
Super-ego bitch, I've been evil awhile
What's my name, what's my name?
Hold the S because I am an AINT
What's my name, what's my name?
Hold the S because I am an AINT
What's my name, what's my name?
Hold the S because I am an AINT
What's my name, what's my name?
Hold the S because I am an AINT"


Mais uma, dedicada a quem eu sei que sabe que sei. A letra diz tudo.



Zero



A Cegueira/O Fim


Eu sei que errei. Muito, muito… São vinte e três anos, de conturbadíssimas vivências, frustradas experiências e inexactas ciências. Mas… Nunca fiz mal a ninguém, pelo menos não no sentido de prejudicar de tal forma a vivência de outro ser humano, com a finalidade de o reduzir à mais miserável das condições que se possa imaginar. Todo o mal que fiz foi a mim próprio, e só a mim pode ser imputada a responsabilidade por tudo o que não fiz e deveria ter feito, com o decorrer dos anos.

Posto isto, afirmo peremptoriamente: não merecia ter sido humilhado, traído e vulgarizado por uma mulher que, em circunstâncias normais, jamais assim poderia ser catalogada. Julgava eu que não era possível coexistirem, entre os humanos, monstros do calibre daquele que me calhou em sorte, no dia maldito em que decidi aventurar-me à sua (sorte) procura.

Mas estava enganado, uma vez mais… Redondamente enganado. Estava tão longe da verdade, quando me julgava a salvo de tamanha devastação, psicológica e física, de tamanha desilusão em forma de uma mulher que apenas a mim enganou, a mim que me achava tão esperto! Como sou burro… Como sou idiota.

É com enorme consternação que aqui me escrevo assim, mais sincero que nunca. Não é apenas um desabafo, desta vez. Todas as pessoas que me são próximas, mesmo que nunca as tenha visto, na forma de leitores assíduos deste meu espaço, merecem saber que, afinal, o melancólico e depressivo “gravepisser” não passa de um jovem estúpido e ingénuo, que permitiu, uma vez mais, que o ludibriassem, enganassem, manipulassem e magoassem, desta vez, em proporções épicas que deixarão marcas muito fortes, não apenas em mim, mas no miserável ser vivo que assim me arruinou de uma vez por todas.

Apenas a ti é dirigida esta missiva. Torno-a pública, apenas para que todos saibam a verdade, por mais humilhante que isso possa ser, até para mim próprio.

Não passas de uma vulgar ordinária, reles, manipuladora, mentirosa, cínica, prepotente, invejosa, falsa, hipócrita e mesquinha minhoca rastejante, porque nem dignidade tens para seres considerada humana. És, de longe, a pior pessoa que tive a infelicidade de conhecer, e para minha desgraça, só o percebi quando já era tarde demais.

Escrevo isto para que, desta forma, não restam dúvidas quanto à gravidade da situação. E caso seja necessário, para posterior análise numa qualquer instância superior, eis que fica aqui a promessa de não deixar passar incólume o inferno que pelo qual me fizeste passar.

Uma certeza podes ter: arrepender-te-ás amargamente, por tudo. Nem que seja a última coisa que eu faça neste mundo, pagarás cara a conta referente ao processo de destruição lenta de um ser humano que mais não queria senão ser feliz.

Até já.

Until the Last Moment



Sem comentários... Se a música é mesmo sobre "apreciar a vida", como ele diz, então a forma como eu a sinto demonstra bem tudo o que sou, na forma de uma antítese a tudo o que de bom elas (a vida e a música) oferecem...

Close (Even More To The...)


(Imagem: Link)


Tão incaracterístico e incomparável como o sabor que fica na boca a seguir ao vómito. É assim que se define a frustração e tristeza profundas que se apoderam da alma, sempre que um qualquer sonho morre, indigno de ser concretizado pelas mãos de quem a vida jamais soube aproveitar.

No fundo, o ódio que desde sempre sentimos por um mundo e uma sociedade que sempre nos rejeitaram, é a base para um insucesso a todos os níveis que, por mais que tentemos, jamais conseguimos ultrapassar.

Existe a natural sede de vingança, mas não tenho no corpo inteiro, ossos suficientes para esmagar, sangue suficiente para afogar os risos de desdém que sempre ouvi. Sustenho, apenas, uma revolta tão grande que era capaz de fazer explodir o planeta, no caso de serem materializáveis os sentimentos maus que dentro de mim habitam... Chamem-me monstro se quiserem, mas é isto que eu sinto.

E não, meus amigos, eu não sou um escritor. Sou apenas um vulgar mortal, capaz de tingir com palavras a brancura de um qualquer fundo branco, salpicando-vos o cérebro com pseudo-relatos de uma vivência insossa e frustrante, como tantas, como poucas...
Admiro essa vossa resistência, a dos poucos que nunca "me" abandonaram nos últimos dois anos, ao longo de um projecto de valor questionável, como é o de um blog nos dias que correm... E por mais que sinta que os nossos (meu e deste espaço) desfechos estejam cada vez mais próximos, jamais esquecerei determinadas palavras, da vossa parte, que pontualmente me fizeram sorrir e impediram que deixasse de escrever.

Por tudo, e por nada... Obrigado.



Richard Wright


Uma das maiores pérolas de sempre, uma das minhas 10 músicas favoritas de todos os tempos, em jeito de homenagem a todos os génios que vão partindo sem que quase ninguém queira saber neste país medíocre, e neste caso concreto refiro-me a Richard Wright, teclista, por vezes vocalista desta mesma banda, que recentemente desapareceu sem que disso quase nenhum órgão de comunicação social desse conta, pelo menos de uma forma efectiva que dignificasse a vida de tão influente personagem na cena musical dos últimos 30/40 anos...

Mais não se pode esperar, de um país que ainda discute os episódios das novelas, os pseudo-programas de "diga lá a verdade e destrua a sua família porque andou a fazer m3rd4 e nós agora descobrimos" e, porque não, ainda e sempre, os touros de morte, sim, porque esta gente ainda se preocupa com a "moral" ou a falta dela que está implícita no acto de sacrificar ou não o animal na arena, depois do tratamento de príncipe a que é sujeito durante todo aquele tempo em que o seu lombo é perfurado por ferros aos olhos satisfeitos de uma multidão que regozija com a "festa brava"... Afinal o problema é mesmo acabar-lhe com o sofrimento, isso sim é mau, isso sim deve ser proibido, faz uma diferença enorme depois do estado em que o animal é deixado, sangrando por todos os poros num sofrimento atroz que impressiona até os menos impressionáveis, como eu...
Poderá isto ser tolerado em países que se digam primeiro-mundistas...?

Mas isso também não interessa nada, é apenas um termo de comparação que nada tem a ver com a premissa deste post.
E como já me alarguei em demasia, fica apenas um sentido e sincero... Rest In Peace, Richard Wright.

Lost, and... Found?


(Imagem: Link)


Não, jamais se esquecera de como trilhar os velhos caminhos da exaustão, simplesmente já não era capaz de recordar a fórmula exacta de uma química outrora utópica, e por hora mais negra que o espectro de passados decadentes, infinitamente presentes dentro de si, soltos e transportados com a corrente do sangue que percorre cada milímetro do seu corpo, também ele decadente como a alma, sedenta de algo novo que a transporte além do arco-íris, além da linha intransponível de um imaginário que nunca viveu realmente.

Navegara sem destino tempo suficiente para saber quando parar, mas não era capaz… Era demasiado medroso, um cobarde sem língua que despejasse no ar a podridão do cérebro, e assim o obrigava a afogar-se nos seus próprios medos, na imensidão do vazio que era a sua vida, na cruel intensidade de uma dor por demais profunda, tanto que nem uma ferramenta dos deuses seria capaz de a arrancar daquele coração ferido, perdido, demasiado velho para ser ressuscitado.

Nem a aparente acalmia das águas conseguia tranquilizá-lo. Afinal, o que teve de tranquila a sua vida, em todos aqueles anos de pseudo-existência? Ainda que o presente não seja envenenado, como de costume, cedo ele tratará de o moldar, amassar, e adaptar à sua mediocridade, por forma a auto-excluir-se, uma vez mais, das parcas possibilidades de salvação que esse mesmo presente acarreta, no interior do seu enorme pacote de sensibilidade e bom senso…

Amén.


Unholy Smoke


(Burned Here)


Ambas as mão ardiam, emuladas por chamas invisíveis que estranhamente não faziam moça alguma, já não sentia dor nem o cheiro hediondo da pele queimada ou sequer ouvia os gritos desesperados, do outro lado do vidro, daqueles que tentavam em vão fazer-lhe chegar a água... Tentava aperceber-se da magnitude do seu desespero, olhando-os com ternura, mas a visão já era insuficiente. Turvava-se e desvanecia-se lentamente, afinal o fumo era tanto que rapidamente escureceu as janelas bloqueando o ultimo campo de visão que o ligava ao mundo.

Pareceram eternos, aqueles instantes finais de uma suposta agonia que era incapaz de sentir, de tão habituado que estava ao quotidiano sofrimento que sempre pautou a sua vida...

Pensava apenas, naquilo que não havia sido, durante a sua inglória passagem pela terrena existência. Em todos os porquês que ficaram por esclarecer, em todas as respostas que jamais foram dadas às perguntas que nunca fez... E chegada a hora de ver satisfeita uma das maiores, foi com alegria que partiu rumo à descoberta daquilo que existe ou não para além do horizonte, ultrapassada a fronteira terrena que sempre limitou e impediu a concretização dos seus maiores sonhos.

Era, finalmente, livre...

(Foi só um pesadelo, rapaz... Já passou.)

... Porque é que não estou aliviado?



Mad World


Just a sad song, that fits perfectly under the fake smile of a dying sad man...

July 22nd, 2008

(Imagem: Link)


Uma espécie de dor inexplicável, incontrolável e incontornável, que extravasa os limites do exíguo espaço reservado à alma, propaga-se por todos os poros de um corpo miseravelmente inerte e atinge, sem apelo nem agravo, proporções impensáveis.

Submerso num copo de álcool, tenta evitar que a maligna e sobrenatural negação dele se apodere uma vez mais, concentrando em si as partículas de energia positiva que quem o ama lhe quer transmitir.

Desculpai-o, vós que o quereis ver feliz. A tentação do abismo é demasiado irresistível, por esta hora. Não tenteis agarrá-lo, ele há-de erguer-se como um homem, se depois da queda existir, ainda, réstia de vida que lhe sopre. O machado de guerra será enterrado, no dia em que o vento lhe trouxer de presente, o maior responsável pela sua desgraça, para que ele possa trucidar, espremer e esmagar, o maior verme que a natureza ao mundo ousou ofertar.

This is my gift for you, my dear father. Being nothing, feeling nothing, bloodthirsty insensitive motherfucker.

Oh, and by the way... Happy birthday to me, happy fuckin' birthday, nothingman.


Delírios...


Na forma de um coração
De um qualquer povo que chore
E sofra sem ter nunca vivido
D’alma de um sofredor vendido
Por dois tostões arrependido
De mais não ter sido senão dor
O que em tempos teve a cor
Brilhante do sol que nasce
Das mãos de um sonhador.

Pensou ser de abrigo, o porto
Em que um dia atracou, sereno
Longínquo como o passado
Inesquecível, como a ferida
Por ela aberta e jamais esquecida
Impotentes palavras perante o mar
De precipícios a seus pés,
Afinal, demasiado feridos, queimados
Enrugados e temerosos, preparados
Ofertados à terra, inolvidável,
E por ela, para sempre, sugados.

Capítulo II - A Árvore


(Imagem: Link)



Derivações egocêntricas de um destino parcialmente comum: o que são eles, além de mim? Que será de vocês, depois de mim?

Tempestade cerebral inusitadamente provocada por questões sem importância. Porquê? Sinais dos tempos, e dos estados. Definham, as mentes, aprisionadas pelo seu próprio circo de feras mansas que um dia ousaram prender.
Era tão livre como o escaravelho que vive do proveito tirado pela quotidiana tarefa de mergulhar nos excrementos alheios. Aliás, rejubilava todos os dias, sempre que se olhava ao espelho e concluía, "sou um escaravelho feliz".

Senhora de preto, dói-lhe a alma vazia por já não ser capaz de a preencher com a essência de toda a minha ausência? Tem bom remédio. Edifique um teatro e nele represente, até ser capaz de fingir na perfeição, alguém que, não sendo, seja melhor que tudo aquilo que algum dia foi.

Porque eu sou a árvore que em terra fértil deu frutos. Foi a partir de mim que muito construístes, senão vejamos: não brotou dos meus ramos a essência de todas as desgraças que conhecestes nos últimos vinte e três anos? Sufocados pelo veneno poderoso da minha seiva, atraídos a mim como formigas ao açúcar, toda a vossa existência desfeita, sois agora o adubo que, em excesso, me há-de secar até à última ramificação.

Peço, apenas, que vos despacheis. O calor aperta e eu morro de frio, fui feito ao contrário do mundo e morrerei de pé como árvore, ainda que de rastos, como a larva que enterrou no solo a semente maldita que originou o fim dos mundos.

The Understanding?

(Imagem: Link)


É agora veneno, o que outrora fora mais doce que o mel dos lábios de um adolescente apaixonado.
Continuam a fervilhar de saudade, os locais que um dia conheceram o sabor da mais explosiva e insana mistura de amor e loucura de que há memória.
Do vazio que resta nas paredes outrora preenchidas pelos posters de uns vulgares heróis dos dias de maluquice, brotam agora imagens de outros tantos, menos convencionais, mais maduros, diz ele. "Inspira-te no poderio das suas vozes, na energia das suas letras e na mensagem de auto-confiança que transmitem, e serás feliz".
Não era. Nem feliz, nem confiante, nem sequer chegava a ser alguém, em boa verdade. Não passava de um espectro deambulante, alimentado pelas memórias de um passado, cruéis e devastadoras como sempre, como nunca. Afinal, ela havia vencido, por fim. Transformara-o num monstro ainda pior do que ela fora, durante aquele conturbado período de convivência mútua em que aproveitara para lhe sugar compulsivamente a vitalidade, até que dele mais não restou senão isto que aqui vêm.
E depois, o ciclo vicioso do costume. A tentativa de não pensar, que acarretava sempre consequências piores, como a ausência de humanidade e os consequentes problemas a todos os níveis que daí advinham.
Não fora o apoio dos únicos de sempre, e esta carta jamais conheceria a luz do dia.
Afinal, a cura nunca esteve perto de acontecer. Nenhum antídoto é suficientemente poderoso, pelo que o dia do fim ocorrerá inevitavelmente.
Por mais que te custe, nem tu que és um anjo na terra, serias jamais capaz de espremer deste cérebro esclerosado alimento suficiente para ressuscitar o que um dia existiu dentro de um coração que há muito deixou de bater. Antes de ti. Antes de tudo o que algum dia valeu a pena.
Por mais cartas que escrevas, o mais que resta é a memória de algo bom que um dia sentiste. Usa-a, para na vida triunfares, e a memória deste velho homenageares, no dia em que a chuva se misturar com as lágrimas, naquela planície relvada, onde os pássaros chilreiam e a sua música favorita o fizer sorrir onde quer que esteja, de polegar bem elevado e lábios sorridentes em sinal de um sincero Obrigado por tudo o que de bom lhe proporcionaram, todas as pessoas que algum dia deram tudo o que tinham para o fazerem sorrir, simplesmente.

Foi apenas isso que valeu a pena. Nothing else matters...

A Tippler's Journey

(Imagem: Link)



Incessantes caminhadas que conduzem a lugar nenhum, lentas e planeadas ao sabor de uma qualquer ressaca, das habituais, das muitas e incontáveis das quais já perderam a conta. Do estado de embriaguez permanente já nenhum proveito tiram, tal é a força do hábito, que lhes consome as vidas como um qualquer animal selvagem sedento do sangue da sua próxima presa.

São assim feitas diariamente, à mesma hora e no local habitual. Do hall de entrada à nobre casa de banho, mil conversas surgem, mil conversas terminam sem o mínimo sentido aparente. Curiosa, a mente humana. Esse bicho do mato que a ciência teima em não conseguir desmontar e esmiuçar de forma suficientemente clara e sucinta, que permita ao comum mortal compreender os porquês de certas e determinadas atitudes dos seus semelhantes...

Sussurrantes, de passo vagaroso e irregular, tentais esconder o óbvio. Mas... Sereis capazes de enganar-vos a voz próprios?
Senhor A e senhor B, porque caminhais vós afinal?

O vinho... É o vinho que movimenta as vossas pernas, solta as vossas línguas e preconiza a vossa real desgraça. Cadáveres ambulantes, moribundos sem eira nem beira, perdidos por um copo maldito do elementar néctar que das natureza brota e a ela vos devolverá em breve, sete palmos abaixo da (i)rreal raiz do vosso mal supremo.

Engraçado, como é fácil brincar com as palavras, sempre que da desgraça humana se trata... É esta a minha especialidade. Quiçá, consciente da minha própria sentença de morte, ao exprimir neste local opiniões mordazes (retratos fidedignos?) sobre a vida alheia.

Que hei-de eu fazer? Pegar na foice do símbolo e com ela corrigir o bem mal feito? Ou o mal bem feito? Dizei-me vós, de vossa justiça. Estou demasiado consumido por esta minha forma de ser, incapacitado para dos seus benefícios/malefícios aquilatar, com suficiente discernimento para dela fazer opinião...


A Uma Guitarra

(Imagem: Link)


Guitarra desafinada, clama em vão pelas mãos experientes que hão-de afinar-te e devolver-te o timbre perfeito que tu própria já esqueceste.
Propaga o teu som pelas sombras dos mais inóspitos recantos do mundo. Serás feliz logo que anoiteça e os sons da morte preencham os sonhos dos homens. Afinal, foram eles que te criaram...
A galope das tuas cordas muitos sonhos nasceram, para morrerem antes sequer de serem vividos. Foste a origem de muitos males, mas não tiveste culpa. Quem te fez assim tão perfeita jamais imaginou que o Apocalipse de muitos surgiria assim, entre riffs e acordes mais ou menos trabalhados, tanto faz.
Não foste criada para decidir nada, por isso não tens de te preocupar. Pensa antes que a utópica felicidade que em compensação proporcionaste, ainda que efémera, compensou tudo o resto.


My dream is to fly, over the rainbow, so high... So high...


(Texto escrito no decorrer de um qualquer trip mental, ao som de uma guitarra - o instrumento mágico que tem o poder de mexer comigo, para o bem e para o mal, sempre que o virtuosismo do instrumentista extravasa os limites do vulgar, do que é exemplo o vídeo publicado no post anterior.)

Lonely Day



Um fim de semana inteiro sem sair de casa, e dá-me para isto. Podia ser pior...

O Pequeno Demiurgo


Escrevo
barco e uma quilha fende o vastíssimo mar
e as arvores crescem dos espaços enevoados
entre olhar e olhar movem-se
animais presos á terra com suas plumagens de ferro
e de orvalho de ouro quando a lua se eclipsa
comunicando-lhes o cio e a nómada alegria de viver

penso outono ou inverno
e o lume resinoso dos pinhais escorre sobre o rosto
sobre o corpo em tímidos gestos
eis o tempo
do capricórnio reduzido ao esconderijo tatuado
na asa mineral da ave em pleno voo e digo nuvens
relâmpago, erva, águas
homem
movimento do susto, oceanos, sal, exaustos corpos
transumantes paixões digo
e surge , irrompe, escorre, ergue-se, move-se, vive
morre
mas não julguem ser trabalho simples nomear
arrumar e desordenar o mundo

para que não se apague esta trémula escrita
preciso do sonho e do pesadelo
da proximidade vertiginosa dos espelhos e
de pernoitar no fundo de mim com as mãos sujas
pelo árduo trabalho de construir os gestos exactos
da alegria que por descuido deus abandonou ao cansaço
no fim do sétimo dia.


(Al Berto)

Capítulo I - O Julgamento

(Imagem: Link)


Tão pequenas, que ridículas. As coisas, aquelas que servem para fazer esquecer por momentos a mediocridade dos dias. Obrigado à misteriosa menina da "terra das tias", pelo riso momentâneo que me proporciona, a cada novo capítulo de uma novela cujo fim em breve conhecerei.

Mas...

Tantos anos de desilusões deviam permitir-lhe, ao menos, erguer à sua frente o escudo protector que o impediria de cometer os mesmo erros do passado. Como está feliz, sente-se o maior, como quem diz "Ah! Já caí nesta uma, duas, cinco vezes. Agora não me apanhas mais!"...
Pobre idiota. Nem sequer se apercebe da quantidade de vezes que é necessário ser-se espezinhado, até ser possível aprender a lição. Será mesmo? Existem pessoas que nunca aprendem...

E eu, que sei, digo: maldito seja o coração.

Acercai-vos. Colocai, todos, as vossas mãos entrelaçadas, e perante a minha cabeça deixai-as cair, para que sinta o tremendo peso do seu julgamento. Permito que o façais, que me julgueis, uma vez na vida. Afinal, não é todos os dias que se cai no conto do vigário, quando se foi o inventor do dito. Quando o próprio vigário somos nós! É preciso ser muito idiota, não é? Digam lá que não.

Afinal, a miragem está mais perto de deixar de o ser. A cada palmo de terra trilhada em nome de ninguém. Por cada centímetro de alcatrão inutilmente percorrido, chorareis para sempre o remorso, pela culpa, da minha morte...

Oh Me



If I had to lose a mile
If I had to touch feelings
I would lose my soul
The way I do
I dont have to think
I only have to do it
The results are always perfect
And thats old news
Would you like to hear my voice
Sweetened with emotion
Invented at your birth?
I cant see the end of me
My whole expanse I cannot see
I formulate infinity
And store it deep inside of me *



*Ainda que muitos pensem tratar-se de um tema dos Nirvana, este é o original, Meat Puppets.

Auto-Retrato

(Imagem: Aqui)


Eu queria mesmo falar. Coisas, sei lá, sobre pessoas, essencialmente. Contar histórias que eu conheço, no tom mordaz e irónico que tão bem me caracteriza enquanto pessoa, pelo menos, a avaliar por aquilo que os outros dizem... Mas não posso.

E não posso porque, em abono da verdade, eu não sou ninguém para o fazer. Afinal, eu sou apenas um menino mimado que nunca aprendeu a viver. Ou isso, ou a eterna incompreensão em dois actos (do mundo perante mim, e minha perante o mundo e as pessoas que me rodeiam) não passa de uma invenção minha. Mas se assim fosse, porque é que eu sofreria desta forma? Alguém é capaz de me explicar o porquê de eu me sentir tão miserável, em cerca de 99.9 por cento do tempo útil de um dia? Todos os dias?

Que não pertenço aqui, sempre o soube. Mas... Onde pertenço afinal? Será que eu pertenço a lugar algum? Não conheço esse sítio, se é que ele existe. Como também não conheço as pessoas que nele habitam, para que, mediante esse termo de comparação, pudesse aquilatar das diferenças e resolver, desse modo, a dúvida que acima resumi, entre parêntesis.

A minha vida será sempre um mistério, contudo. Para mim próprio, primeiramente, pois jamais conseguirei perceber como foi possível a mãe natureza ter permitido o meu nascimento. A bem do equilíbrio de todos, esse era um erro que não poderia ter sido cometido.
E depois, para os outros, que me são próximos, e jamais conseguirão entender os meus próprios porquês. Afinal, eu também não entendo os deles, e reside porventura aí o factor de cisão irreversível que transforma num pesadelo toda e qualquer espécie de tentativa de relacionamento interpessoal entre mim e o mundo...

Oh to sail away, to sandy lands and other days... Oh to touch the dream, hides inside and never seen...


Devaneios, Devaneios


(Imagem: Aqui)


A perfeição dos sons, em contraste com o espírito, turbulento e fugidio. Pensamentos que flutuam pela imensidão do infinito, transmitem ideias de sensações jamais descobertas. A insignificância terrena do homem, reflectida na impossibilidade de atingir os limites dos seus próprios sonhos... A esperança, porventura vã, de que afinal tudo não acabe aquando da chegada do tal fim.

Um dia, os meus olhos mergulharão para sempre na impenetrável e infinita ausência de luz. Não me assusta, tal cenário. No fundo, o pesos da balança estão cada vez mais desequilibrados, por mais que as pessoas não o saibam, ou pior, não queiram saber. A vontade de derrubar paredes com martelos de borracha já foi maior do que é. As forças esgotam-se e tónico algum consegue revigorá-las. Ao contrário do que a publicidade propaga, não há asas. Nem marretas, gruas ou qualquer outra forma de contornar os muros de betão que eu próprio ajudei a erguer, e me impedem para sempre de seguir o meu caminho.

É bem feito.