Compassos

(Imagem: Link)


Formas geométricas, desiguais, distorcem a visão do criador. São reflexos de negritude, estereótipos de amargura, caixões pregados no vazio das pálpebras.

São lágrimas...

... Que de tanto baterem nas pedras dos dias, há muito se transformaram em sangue, corridas a pontapé dos rostos de quem já não as pode albergar.

Os ventos de mudança foram sempre tumultuosos, a pontos de anteciparem, uma e outra vez, tempestades tão fortes que, capazes de inundar a alma, encerravam em si pesadelos capazes de resistir a quase tudo.

Mas no final... O silêncio.

Silêncio, quando às orelhas moucas já não chega a voz da razão, silêncio, sempre e quando for essa a única forma de não ensurdecer, silêncio: senão perante vontades alheias, pelo menos, como forma de nos salvarmos da cólera que a intolerância provoca nos homens, sempre que no final do dia se sentem perdidos, algures numa selva para a qual não foram criados...

...e mais não conseguem ser senão uma sombra, vã e cega, perante o ecrã de um computador, queimando o que lhes resta de uma criatividade perdida no tempo, e que mais não significa, senão...

O fim...