A Tippler's Journey

(Imagem: Link)



Incessantes caminhadas que conduzem a lugar nenhum, lentas e planeadas ao sabor de uma qualquer ressaca, das habituais, das muitas e incontáveis das quais já perderam a conta. Do estado de embriaguez permanente já nenhum proveito tiram, tal é a força do hábito, que lhes consome as vidas como um qualquer animal selvagem sedento do sangue da sua próxima presa.

São assim feitas diariamente, à mesma hora e no local habitual. Do hall de entrada à nobre casa de banho, mil conversas surgem, mil conversas terminam sem o mínimo sentido aparente. Curiosa, a mente humana. Esse bicho do mato que a ciência teima em não conseguir desmontar e esmiuçar de forma suficientemente clara e sucinta, que permita ao comum mortal compreender os porquês de certas e determinadas atitudes dos seus semelhantes...

Sussurrantes, de passo vagaroso e irregular, tentais esconder o óbvio. Mas... Sereis capazes de enganar-vos a voz próprios?
Senhor A e senhor B, porque caminhais vós afinal?

O vinho... É o vinho que movimenta as vossas pernas, solta as vossas línguas e preconiza a vossa real desgraça. Cadáveres ambulantes, moribundos sem eira nem beira, perdidos por um copo maldito do elementar néctar que das natureza brota e a ela vos devolverá em breve, sete palmos abaixo da (i)rreal raiz do vosso mal supremo.

Engraçado, como é fácil brincar com as palavras, sempre que da desgraça humana se trata... É esta a minha especialidade. Quiçá, consciente da minha própria sentença de morte, ao exprimir neste local opiniões mordazes (retratos fidedignos?) sobre a vida alheia.

Que hei-de eu fazer? Pegar na foice do símbolo e com ela corrigir o bem mal feito? Ou o mal bem feito? Dizei-me vós, de vossa justiça. Estou demasiado consumido por esta minha forma de ser, incapacitado para dos seus benefícios/malefícios aquilatar, com suficiente discernimento para dela fazer opinião...


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