Fake Empire(s)

(Imagem: Link)


Havia tanto tempo que caminhava sozinha, e nos olhos a esperança jamais deixara de morar, ao contrário das forças que se esgotavam a cada passo, em silêncio.

Parava sempre que as pernas se recusavam a obedecer à vontade, e nesses breves momentos de paz, deixava-se levar pela inconsciência dos sonhos, quase sempre, demasiado fugazes para que deles restassem recordações, quase sempre, de uma beleza poética capaz de embalar o mais apático dos homens.

Fosse assim a realidade, e decerto não seria o sangue que a espaços jorrava de seus pés, pretexto credível para a cada-vez-maior inércia com que se debatia, findos os caminhos fáceis da vida, perdida a inocência algures no meio de um trajecto tão longo, que já mal conseguia recordar os motivos que a conduziram a tal desfecho.

Queria rir da sua própria figura, mas já mal lhe restavam forças para respirar...

E tudo o que queria era continuar a caminhar, e nunca, jamais, acordar, por recear vir a descobrir que, afinal, nunca havia saído do lugar...