(Imagem: Link)
Não, jamais se esquecera de como trilhar os velhos caminhos da exaustão, simplesmente já não era capaz de recordar a fórmula exacta de uma química outrora utópica, e por hora mais negra que o espectro de passados decadentes, infinitamente presentes dentro de si, soltos e transportados com a corrente do sangue que percorre cada milímetro do seu corpo, também ele decadente como a alma, sedenta de algo novo que a transporte além do arco-íris, além da linha intransponível de um imaginário que nunca viveu realmente.
Navegara sem destino tempo suficiente para saber quando parar, mas não era capaz… Era demasiado medroso, um cobarde sem língua que despejasse no ar a podridão do cérebro, e assim o obrigava a afogar-se nos seus próprios medos, na imensidão do vazio que era a sua vida, na cruel intensidade de uma dor por demais profunda, tanto que nem uma ferramenta dos deuses seria capaz de a arrancar daquele coração ferido, perdido, demasiado velho para ser ressuscitado.
Nem a aparente acalmia das águas conseguia tranquilizá-lo. Afinal, o que teve de tranquila a sua vida, em todos aqueles anos de pseudo-existência? Ainda que o presente não seja envenenado, como de costume, cedo ele tratará de o moldar, amassar, e adaptar à sua mediocridade, por forma a auto-excluir-se, uma vez mais, das parcas possibilidades de salvação que esse mesmo presente acarreta, no interior do seu enorme pacote de sensibilidade e bom senso…
Amén.
1 comentário:
"no interior do seu enorme pacote de sensibilidade e bom senso…" :)
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