New Born

(love, bydrart, deviantart.com)



Para a menina cuja vida sempre teimou em não lhe sorrir, a quem durante anos não foi permitido sorrir com vontade, eis meia dúzia de palavras do mais sincero que alguma vez escrevi:

Tu, que és o meu anjo (da Vida), tens agora a hipótese de (re)nascer comigo. Todo um passado sombrio ficará definitivamente enterrado a partir desta noite - fim de um ano que quase foi fatal. Para mim, a necessidade de ressurgir das cinzas nunca se apresentou tão clara como agora: se é possível sonhar com o infinito, e daí acreditar que nada é impossível, esse sonho (que se quer bem real), é nosso - só nosso.

Do amor (sentimento que por ora me parece deliciosamente real), surgirão (os desejos) do futuro com que sempre sonhámos, minha querida - as doze passas e o champanhe serão o mote de uma nova vida, no ano de todas as mudanças. É esse o meu maior desejo...

E o fim, ah, o fim... Parece que afinal, ele não se apresentará tão cedo ante mim... E és tu a responsável por isso, my sweet love.

Some Kind of Beauty...



"Escreve algo bonito", disse ela. Ela, vulgo, anjo (da Vida). E de outra forma não poderia ser, também - desfrutando da sua companhia (estupenda), afastado do fim de mundo a que chamo casa. Não fossem as saudades, e uma sensação estranha que me acompanha desde que parti (uma espécie de mau pressentimento sobre um futuro incerto), e tudo seria perfeito...

A capital brilha de uma forma especial, nestas noites que precedem o fim - talvez seja o amor, ou a melancolia indescritível (como que uma espécie de saudade antecipada de algo que ainda nem aconteceu) que assim me fazem sentir (pequeno, muito pequeno perante a sua incomensurável grandeza (do amor, bem entendido) )...

Por momentos, tudo parece perfeito - um sonho tão perfeito que deveria ser impossível dele acordar. Um futuro risonho, esperanças renascidas, felicidade eterna. Eis que surge a possibilidade de seres alguém, rapaz! Agarra-a com unhas e dentes...

Oxalá o sonho passasse disso mesmo, um sonho...

Justiça?



Eu até poderia chegar aqui e escrever um lindo post sobre o natal, o menino zuis e tal, bla bla bla... Acontece que para mim, como para muita gente que conheço, o natal cada vez tem menos significado.
À parte a religião (na qual nunca acreditei), poderia aqui mencionar a tradição, o espírito de entreajuda, e restantes significados que alguns teimam em associar a esta quadra - teimam, bem entendido. Actualmente, e tendo em conta o mundo em que vivemos, nada disto se verifica, pelo menos na minha óptica.
Com que direito se referem tais conceitos, quando milhões de pessoas morrem de fome enquanto outros tantos milhões se regozijam com os presentes milionários que oferecem e recebem??? Alguém se importa com isto, verdadeiramente??? Pensem nisso...

Poderá soar a hipocrisia, isto que aqui escrevo - "se estás tão preocupado vai para lá tu alimentar os pretos", dirão alguns - no entanto, quem me conhece verdadeiramente, sabe que este post não foi escrito em vão.

Celebre-se ao menos a amizade verdadeira, e o amor (para ti, minha pequenina linda)...

Para todos vós, um abraço especial, deste vosso amigo.

Free Will...

(in the end, by thepalantir, deviantart.com)



Com a partida do Anjo (da Vida) ei-lo de novo no fundo do poço. Nunca até então lhe havia custado tanto uma despedida - nem mesmo aquelas definitivas.

Fora de controlo, os seus sentimentos, uma vez mais - já não crê em coincidências, pois "coincidências não existem", tal como lhe dissera a sua druidess um dia. Assim sendo, esforça-se por acreditar no tal "destino" (o tal que é suposto controlar todas as almas que por este e pelo outro mundo vagueiam, dando-lhes um rumo). Ah! Afinal, é um paradoxo. Se nada acontece por acaso, será possível alguém trocar as voltas ao tal destino, quebrando as regras e interferindo no livre arbítrio? ... Sim!, é a única explicação (por mais ilógica e ridícula que possa aparentar) passível de ser atribuída à sua existência.

E o fim... O fim lá o espera, em silêncio - quando resolver fechar os olhos e deixar-se ir, tudo estará consumado, finalmente...

Luz

Como um anjo – que é, indubitavelmente, ou não seria capaz de operar tal milagre – descansa tranquilamente depois de uma noite sem sono.

De um quase-cadáver desprovido de tudo quanto possam ser sentimentos/sensações (humanas), eis que se atravessa no meu caminho a salvação possível. Sê-lo-à, quanto mais não seja, por me te feito perceber que afinal, nem tudo está perdido - um simples gesto de afecto é por vezes suficiente.

Para ti, palavras que dizem quase tudo, na ausência de (quase tudo) o que te queria escrever e não consigo...



Today is gonna be the day
That they're gonna throw it back to you
By now you should've somehow
Realized what you gotta do
I don't believe that anybody
Feels the way I do about you now

Backbeat the word was on the street
That the fire in your heart is out
I'm sure you've heard it all before
But you never really had a doubt
I don't believe that anybody feels
The way I do about you now

And all the roads we have to walk along are winding
And all the lights that lead us there are blinding
There are many things that I would
Like to say to you
I don't know how

Because maybe
You're gonna be the one who saves me ?
And after all
You're my wonderwall

Today was gonna be the day?
But they'll never throw it back to you
By now you should've somehow
Realized what you're not to do
I don't believe that anybody
Feels the way I do
About you now

And all the roads that lead to you were winding
And all the lights that light the way are blinding
There are many things that I would like to say to you
I don't know how

I said maybe
You're gonna be the one who saves me ?
And after all
You're my wonderwall

I said maybe
You're gonna be the one who saves me ?
And after an
You're my wonderwall

Said maybe
You're gonna be the one that saves me
You're gonna be the one that saves me
You're gonna be the one that saves me

(Oasis, Wonderwall)


(Sem ilusões ou precipitações. Segue o teu coração... Beijo (só nosso)).

Slice of Time

(end of the day, by MOSREDNA, deviantart.com)


De coração vazio (ou cheio de nada), apresta-se a obedecer às suas últimas vontades. O seu espírito tempestuoso conhecerá em breve a luz da sua libertação, convence-se - não há-de ser nada, pensa para com os seus botões - és apenas o vulto dos teus próprios ensejos.

Ah, como ele gostava que tudo tivesse sido diferente... Bastava não ter saído de casa naquele dia!... O orgulho matou-te! (é essa a única verdade absoluta).
O anjo das Trevas apressa-se a indicar-lhe o caminho: é por ali! - mas ele já o conhece, afinal, sonhou com ele durante sete noites seguídas, há uns anos atrás. E sorri, por finalmente ver confirmada a certeza do seu significado.

O anjo da Vida apressa-se a socorrê-lo - percorre quilómetros na vã esperança de não ser tarde de mais (ainda que não tenha consciência de que é esse o verdadeiro motivo que o faz correr).

Chegará a tempo?

Cowardice

"You will die soon, see if you can find out who sent this...bye"

To the sad motherfucker who wrote this on an anonimous message:
I know who you are. It's a matter of time until I have a definitive confirmation, as I'm going to present a police charge tomorrow morning.
So, if you think I'm afraid of you, be my guest: show your balls and identify yourself. Even if I have to travel many miles, you can be sure of one thing: NOBODY laughs in my face and runs away without punishment.

That's all for now.


(As minhas desculpas aos restantes leitores deste blog, e até breve).

Contrastes

Desferir o golpe final no moribundo - cobardia ou caridade?

Existem inúmeros sentidos passíveis de serem atribuídos a uma expressão desta natureza. Não venho aqui debatê-las, é apenas algo que deixo no ar para (os poucos que perceberem o que pretendo dizer) reflectirem, em mais um grande candidato (a post mais idiota do blog).

A Little Game

Once, I had a little game
I liked to crawl back into my brain
I think you know the game I mean
I mean the game called 'go insane'
Now you should try this little game
Just close your eyes, forget your name
Forget the world, forget the people
And we'll erect a different steeple
This little game is fun to do
Just close your eyes, no way to lose
And I'm right there, I'm going too
Release control, we're breaking through



(Jim Morrison)


(Still havin' this little game. It souds more funny each time I play it...)

(hidden death, by seabass901, deviantart.com)



A morte... Chegado do funeral de uma conhecida, recosto-me pensativo, enquanto escrevo (transmitir sentimentos através de palavras é um exercício deveras complexo, impossível talvez).

Caixão aberto e face descoberta, ei-la, de olhos semicerrados no seu leito de morte. Quase todos acabam assim um dia, despojados das suas vidas mais ou menos preenchidas. Não imagino como terá sido a daquela mulher - pela sua aparência tranquila diria que não sofreu muito, no momento da sua partida, que era também esperada. E quando assim é, quando as pessoas tomam consciência da sua inevitabilidade, o FIM deixa de ser temido, receado.

Sentado num recanto daquele templo católico (que me provoca sensações angustiantes, como uma força invisível que me empurra e me relembra que não é ali que eu pertenço), permiti-me voltar a fazer algo que (cada vez mais) me dá um prazer inexplicável. De olhos bem abertos, projectados no vazio, deixei de ouvir os choros e as orações, deixei de ver toda aquela gente, os santos, as paredes... Como um trip. Por breves instantes o meu espírito voa, por lugares que eu não conheço (e que contudo visualizo mentalmente, com a maior das clarividências) - e fico... digamos...extasiado. Durante breves segundos, sou feliz... Insanidade?
Depois o regresso à realidade - os choros e as orações, a marcha do costume e o corpo à terra.

Quando eu me for, não quero lágrimas, orações, rituais, flores ou velas. Não quero o meu corpo devorado por larvas, sete palmos abaixo. Quero ser, simplesmente, pó... que as minhas cinzas sejam espalhadas ao vento...

...e que de mim restem, apenas, memórias.

Porcelain


In my dreams I'm dying all the time
As I wake it's kaleidoscopic mind
I never meant to hurt you,
I never meant to lie
So this is goodbye...
This is goodbye.

[Moby]

Sweet December

(dark december night, by tyt2000, deviantart.com)


Ei-lo, o mês derradeiro. É quase tão gelado como a temperatura que faz lá fora, o sangue que lhe corre nas veias... Um misto de sentimentos tão ridiculamente distintos ( e ao mesmo tempo tão semelhantes) dissolvem-se-lhe na mente, levando-o a reflectir ainda mais, sobre as poucas coisas que restam (para reflectir).

O verdadeiro significado da amizade, por exemplo. Toda a minha vida se questionou sobre isso, sem que nunca tenha conseguído chegar a uma conclusão suficientemente clara. É um assunto sobre o qual haveria muito a dizer, porventura... A única certeza que tem, porém, é que cada vez é mais difícil encontrar uma amizade verdadeira, para a vida - as amizades por interesse, no entanto, são mais fáceis de encontrar do que areia numa praia... Questiona-se, se tal conclusão será aplicável à maioria das pessoas - a experiência diz-lhe, contudo, que a probabilidade de não ser o único a pensar assim é deveras elevada.

Nos últimos tempos, mergulhado numa melancolia sem precedentes, tem sido atacado por uma chuva de "flashes", memórias breves de acontecimentos distintos que ao longo dos anos marcaram, positiva e negativamente, a sua existência. Não consegue imaginar as razões de tal acontecimento, ou qual o significado que deve atribuir-lhe. Convence-se, contudo, que é tão somente a última das músicas de um espectáculo que se adivinha final - derradeiro, o último. Nesta ópera do moribundo, o tenor há muito que ficou afónico - limita-se a apresentar-se em palco, no final do espectáculo, para ser aplaudido uma última vez. Os poucos que o fazem, em prantos, são decerto os únicos que mereceram a sua dedicação, amor e amizade, durante a sua passagem por este mundo.
Mas a maioria ri! Afinal para eles não passou de um falhado que nunca sequer leu uma pauta, quanto mais interpretar uma ópera! Já vais tarde, nunca deverias era ter nascido...

Retira-se em silêncio e cabisbaixo. Já não lhe restam forças suficientes para se levantar de novo... Deixa-se ir (rumo à sua libertação final)...