New Born

(love, bydrart, deviantart.com)



Para a menina cuja vida sempre teimou em não lhe sorrir, a quem durante anos não foi permitido sorrir com vontade, eis meia dúzia de palavras do mais sincero que alguma vez escrevi:

Tu, que és o meu anjo (da Vida), tens agora a hipótese de (re)nascer comigo. Todo um passado sombrio ficará definitivamente enterrado a partir desta noite - fim de um ano que quase foi fatal. Para mim, a necessidade de ressurgir das cinzas nunca se apresentou tão clara como agora: se é possível sonhar com o infinito, e daí acreditar que nada é impossível, esse sonho (que se quer bem real), é nosso - só nosso.

Do amor (sentimento que por ora me parece deliciosamente real), surgirão (os desejos) do futuro com que sempre sonhámos, minha querida - as doze passas e o champanhe serão o mote de uma nova vida, no ano de todas as mudanças. É esse o meu maior desejo...

E o fim, ah, o fim... Parece que afinal, ele não se apresentará tão cedo ante mim... E és tu a responsável por isso, my sweet love.

Some Kind of Beauty...



"Escreve algo bonito", disse ela. Ela, vulgo, anjo (da Vida). E de outra forma não poderia ser, também - desfrutando da sua companhia (estupenda), afastado do fim de mundo a que chamo casa. Não fossem as saudades, e uma sensação estranha que me acompanha desde que parti (uma espécie de mau pressentimento sobre um futuro incerto), e tudo seria perfeito...

A capital brilha de uma forma especial, nestas noites que precedem o fim - talvez seja o amor, ou a melancolia indescritível (como que uma espécie de saudade antecipada de algo que ainda nem aconteceu) que assim me fazem sentir (pequeno, muito pequeno perante a sua incomensurável grandeza (do amor, bem entendido) )...

Por momentos, tudo parece perfeito - um sonho tão perfeito que deveria ser impossível dele acordar. Um futuro risonho, esperanças renascidas, felicidade eterna. Eis que surge a possibilidade de seres alguém, rapaz! Agarra-a com unhas e dentes...

Oxalá o sonho passasse disso mesmo, um sonho...

Justiça?



Eu até poderia chegar aqui e escrever um lindo post sobre o natal, o menino zuis e tal, bla bla bla... Acontece que para mim, como para muita gente que conheço, o natal cada vez tem menos significado.
À parte a religião (na qual nunca acreditei), poderia aqui mencionar a tradição, o espírito de entreajuda, e restantes significados que alguns teimam em associar a esta quadra - teimam, bem entendido. Actualmente, e tendo em conta o mundo em que vivemos, nada disto se verifica, pelo menos na minha óptica.
Com que direito se referem tais conceitos, quando milhões de pessoas morrem de fome enquanto outros tantos milhões se regozijam com os presentes milionários que oferecem e recebem??? Alguém se importa com isto, verdadeiramente??? Pensem nisso...

Poderá soar a hipocrisia, isto que aqui escrevo - "se estás tão preocupado vai para lá tu alimentar os pretos", dirão alguns - no entanto, quem me conhece verdadeiramente, sabe que este post não foi escrito em vão.

Celebre-se ao menos a amizade verdadeira, e o amor (para ti, minha pequenina linda)...

Para todos vós, um abraço especial, deste vosso amigo.

Free Will...

(in the end, by thepalantir, deviantart.com)



Com a partida do Anjo (da Vida) ei-lo de novo no fundo do poço. Nunca até então lhe havia custado tanto uma despedida - nem mesmo aquelas definitivas.

Fora de controlo, os seus sentimentos, uma vez mais - já não crê em coincidências, pois "coincidências não existem", tal como lhe dissera a sua druidess um dia. Assim sendo, esforça-se por acreditar no tal "destino" (o tal que é suposto controlar todas as almas que por este e pelo outro mundo vagueiam, dando-lhes um rumo). Ah! Afinal, é um paradoxo. Se nada acontece por acaso, será possível alguém trocar as voltas ao tal destino, quebrando as regras e interferindo no livre arbítrio? ... Sim!, é a única explicação (por mais ilógica e ridícula que possa aparentar) passível de ser atribuída à sua existência.

E o fim... O fim lá o espera, em silêncio - quando resolver fechar os olhos e deixar-se ir, tudo estará consumado, finalmente...

Luz

Como um anjo – que é, indubitavelmente, ou não seria capaz de operar tal milagre – descansa tranquilamente depois de uma noite sem sono.

De um quase-cadáver desprovido de tudo quanto possam ser sentimentos/sensações (humanas), eis que se atravessa no meu caminho a salvação possível. Sê-lo-à, quanto mais não seja, por me te feito perceber que afinal, nem tudo está perdido - um simples gesto de afecto é por vezes suficiente.

Para ti, palavras que dizem quase tudo, na ausência de (quase tudo) o que te queria escrever e não consigo...



Today is gonna be the day
That they're gonna throw it back to you
By now you should've somehow
Realized what you gotta do
I don't believe that anybody
Feels the way I do about you now

Backbeat the word was on the street
That the fire in your heart is out
I'm sure you've heard it all before
But you never really had a doubt
I don't believe that anybody feels
The way I do about you now

And all the roads we have to walk along are winding
And all the lights that lead us there are blinding
There are many things that I would
Like to say to you
I don't know how

Because maybe
You're gonna be the one who saves me ?
And after all
You're my wonderwall

Today was gonna be the day?
But they'll never throw it back to you
By now you should've somehow
Realized what you're not to do
I don't believe that anybody
Feels the way I do
About you now

And all the roads that lead to you were winding
And all the lights that light the way are blinding
There are many things that I would like to say to you
I don't know how

I said maybe
You're gonna be the one who saves me ?
And after all
You're my wonderwall

I said maybe
You're gonna be the one who saves me ?
And after an
You're my wonderwall

Said maybe
You're gonna be the one that saves me
You're gonna be the one that saves me
You're gonna be the one that saves me

(Oasis, Wonderwall)


(Sem ilusões ou precipitações. Segue o teu coração... Beijo (só nosso)).

Slice of Time

(end of the day, by MOSREDNA, deviantart.com)


De coração vazio (ou cheio de nada), apresta-se a obedecer às suas últimas vontades. O seu espírito tempestuoso conhecerá em breve a luz da sua libertação, convence-se - não há-de ser nada, pensa para com os seus botões - és apenas o vulto dos teus próprios ensejos.

Ah, como ele gostava que tudo tivesse sido diferente... Bastava não ter saído de casa naquele dia!... O orgulho matou-te! (é essa a única verdade absoluta).
O anjo das Trevas apressa-se a indicar-lhe o caminho: é por ali! - mas ele já o conhece, afinal, sonhou com ele durante sete noites seguídas, há uns anos atrás. E sorri, por finalmente ver confirmada a certeza do seu significado.

O anjo da Vida apressa-se a socorrê-lo - percorre quilómetros na vã esperança de não ser tarde de mais (ainda que não tenha consciência de que é esse o verdadeiro motivo que o faz correr).

Chegará a tempo?

Cowardice

"You will die soon, see if you can find out who sent this...bye"

To the sad motherfucker who wrote this on an anonimous message:
I know who you are. It's a matter of time until I have a definitive confirmation, as I'm going to present a police charge tomorrow morning.
So, if you think I'm afraid of you, be my guest: show your balls and identify yourself. Even if I have to travel many miles, you can be sure of one thing: NOBODY laughs in my face and runs away without punishment.

That's all for now.


(As minhas desculpas aos restantes leitores deste blog, e até breve).

Contrastes

Desferir o golpe final no moribundo - cobardia ou caridade?

Existem inúmeros sentidos passíveis de serem atribuídos a uma expressão desta natureza. Não venho aqui debatê-las, é apenas algo que deixo no ar para (os poucos que perceberem o que pretendo dizer) reflectirem, em mais um grande candidato (a post mais idiota do blog).

A Little Game

Once, I had a little game
I liked to crawl back into my brain
I think you know the game I mean
I mean the game called 'go insane'
Now you should try this little game
Just close your eyes, forget your name
Forget the world, forget the people
And we'll erect a different steeple
This little game is fun to do
Just close your eyes, no way to lose
And I'm right there, I'm going too
Release control, we're breaking through



(Jim Morrison)


(Still havin' this little game. It souds more funny each time I play it...)

(hidden death, by seabass901, deviantart.com)



A morte... Chegado do funeral de uma conhecida, recosto-me pensativo, enquanto escrevo (transmitir sentimentos através de palavras é um exercício deveras complexo, impossível talvez).

Caixão aberto e face descoberta, ei-la, de olhos semicerrados no seu leito de morte. Quase todos acabam assim um dia, despojados das suas vidas mais ou menos preenchidas. Não imagino como terá sido a daquela mulher - pela sua aparência tranquila diria que não sofreu muito, no momento da sua partida, que era também esperada. E quando assim é, quando as pessoas tomam consciência da sua inevitabilidade, o FIM deixa de ser temido, receado.

Sentado num recanto daquele templo católico (que me provoca sensações angustiantes, como uma força invisível que me empurra e me relembra que não é ali que eu pertenço), permiti-me voltar a fazer algo que (cada vez mais) me dá um prazer inexplicável. De olhos bem abertos, projectados no vazio, deixei de ouvir os choros e as orações, deixei de ver toda aquela gente, os santos, as paredes... Como um trip. Por breves instantes o meu espírito voa, por lugares que eu não conheço (e que contudo visualizo mentalmente, com a maior das clarividências) - e fico... digamos...extasiado. Durante breves segundos, sou feliz... Insanidade?
Depois o regresso à realidade - os choros e as orações, a marcha do costume e o corpo à terra.

Quando eu me for, não quero lágrimas, orações, rituais, flores ou velas. Não quero o meu corpo devorado por larvas, sete palmos abaixo. Quero ser, simplesmente, pó... que as minhas cinzas sejam espalhadas ao vento...

...e que de mim restem, apenas, memórias.

Porcelain


In my dreams I'm dying all the time
As I wake it's kaleidoscopic mind
I never meant to hurt you,
I never meant to lie
So this is goodbye...
This is goodbye.

[Moby]

Sweet December

(dark december night, by tyt2000, deviantart.com)


Ei-lo, o mês derradeiro. É quase tão gelado como a temperatura que faz lá fora, o sangue que lhe corre nas veias... Um misto de sentimentos tão ridiculamente distintos ( e ao mesmo tempo tão semelhantes) dissolvem-se-lhe na mente, levando-o a reflectir ainda mais, sobre as poucas coisas que restam (para reflectir).

O verdadeiro significado da amizade, por exemplo. Toda a minha vida se questionou sobre isso, sem que nunca tenha conseguído chegar a uma conclusão suficientemente clara. É um assunto sobre o qual haveria muito a dizer, porventura... A única certeza que tem, porém, é que cada vez é mais difícil encontrar uma amizade verdadeira, para a vida - as amizades por interesse, no entanto, são mais fáceis de encontrar do que areia numa praia... Questiona-se, se tal conclusão será aplicável à maioria das pessoas - a experiência diz-lhe, contudo, que a probabilidade de não ser o único a pensar assim é deveras elevada.

Nos últimos tempos, mergulhado numa melancolia sem precedentes, tem sido atacado por uma chuva de "flashes", memórias breves de acontecimentos distintos que ao longo dos anos marcaram, positiva e negativamente, a sua existência. Não consegue imaginar as razões de tal acontecimento, ou qual o significado que deve atribuir-lhe. Convence-se, contudo, que é tão somente a última das músicas de um espectáculo que se adivinha final - derradeiro, o último. Nesta ópera do moribundo, o tenor há muito que ficou afónico - limita-se a apresentar-se em palco, no final do espectáculo, para ser aplaudido uma última vez. Os poucos que o fazem, em prantos, são decerto os únicos que mereceram a sua dedicação, amor e amizade, durante a sua passagem por este mundo.
Mas a maioria ri! Afinal para eles não passou de um falhado que nunca sequer leu uma pauta, quanto mais interpretar uma ópera! Já vais tarde, nunca deverias era ter nascido...

Retira-se em silêncio e cabisbaixo. Já não lhe restam forças suficientes para se levantar de novo... Deixa-se ir (rumo à sua libertação final)...

Goodnight

Now that I
Face the world with pain inside
Strange but I
Can't understand the reasons why.
Forever is
A word that I cannot describe
That Died the time we said goodnight.
It makes no difference, wrong or right
The time has come to say goodnight.
And how could I
Be so sure but be so wrong?
And how could I?
Have a will so weak with a mind so strong?
And Only I
Can tell the difference right or wrong.
It makes no difference, wrong or right
The time has come to say goodnight.
It makes no difference, wrong or right
I guess it's best we say goodnight...


[Dry Kill Logic]

FIM

Aproxima-se, finalmente. A uma velocidade tal, que consigo cheirá-lo, senti-lo cada vez mais próximo de mim, o tal FIM. O derradeiro capítulo de uma história que nunca deveria ter sido escrita, quanto mais narrada ou publicada, exposta a um mundo que nunca a soube ler, um mundo que nunca compreendeu a verdadeira razão da sua existência.

Eis que exponho então perante os vossos olhos, um resumo da mesma. Sem nada a perder ou ganhar, abro o meu coração a quem o quiser auscultar, através destas simples palavras que de uma forma simplista, vos ajudarão a perceber o porquê de, um dia, em que na vossa barra de endereços digitarem este, um mês, um ano, uma vida se passará sem que algum dia voltem a ler um novo post deste ser que em breve estará, possivelmente, melhor que todos vós...

Durante a minha existência de pouco mais de vinte anos, nunca fui realmente feliz. Razões são muitas, demasiadas. Da instabilidade emocional provocada por factores tão diversos, como a inexistência de estabilidade dentro de casa, ou o facto de em criança sempre ter sido o gordo caixa d'óculos lá do sítio, aquele com quem todos gozavam e de quem ninguém queria ser amigo... ficaria aqui a escrever indefinidamente. O que porventura seria uma fase passageira, prolongou-se pela adolescência, que diga-se, nunca cheguei a ter.

Nunca fui pessoa de lutar muito por objectivos. Das poucas vezes que o fiz com convicção, saí derrotado, uma e outra vez... Exemplos? Na escola - uma simples disciplina fez com que o único sonho de infância que restava se desvanecesse, o tal diploma final tão ambicionado não chegou a ser impresso, jamais.
No capítulo sentimental - o descalabro foi tão monumental como o resto da história. Da menina que queria ser freira, passando pela dama de ferro de Cascais, pela prima... e acabando na Única. E foi aí, na Última, que tudo se decidiu. Foram tempos conturbados que puseram em evidência as minhas fragilidades mais gritantes, a minha força mais adormecida, a minha resistência, a minha "parte" boa, a minha parte má... Bem analisadas as coisas foram os melhores tempos da minha vida, aqueles oito meses. No entanto, o meu processo de auto-destruição já estava em marcha há muito, e as coisas saíram fora do meu/nosso controlo.Foi com naturalidade que o sonho se desmoronou, tão depressa como tinha sido construído...
A partir daí, nada mais fez sentido, nada mais funcionou... Depois daquela noite, cada dia que passou mais pareceu um ano, um pesadelo do qual não é possível acordar...
Acreditei, confesso, que iria conseguir superar, uma vez mais, tão forte "tempestade"... Mas já não foi possível... O cérebro já não era capaz de responder à chamada.

Lamento imenso tudo o que fui e sou, por todas as pessoas que amo e fiz sofrer. Elas sabem do que estou a falar. Arrepender-me-ei para sempre das escolhas erradas que fiz... E assumo aqui perante todos a minha responsabilidade, única, por todas elas. Que ninguém se sinta, alguma vez, responsável por o que quer que seja. Tudo o que fiz, farei, é apenas da minha responsabilidade exclusiva.

À minha mãe, minha única e verdadeira amiga, que sempre fez tudo o que esteve ao seu alcance para que eu pudesse ser feliz e ter uma boa vida, o meu eterno agradecimento. Por ser a pessoa maravilhosa que é, por ser a pessoa mais forte que conheço, por existir, apenas. Nunca vou deixar de te amar, onde quer que esteja...

À minha avó, que ajudou a criar-me, e cujo amor incondicional não tem fim, o meu agradecimento mais que sincero, verdadeiro.

E à Única, a promessa de amor eterno, e o meu muito obrigado pela paciência que teve comigo durante aqueles tempos... Tu sabes ao que me refiro... Para ti, um pequeno poema que diz quase tudo...

"I wish you were my eternal
Star so bright in the sky
Purple flower of mine
Wishes, yet so forgotten...

Harmony, yet so forgotten...

Whisper silence as you cry
Dreams of hatred so divine
Dying, is goddamn light..."

E assim termino este pequeno desabafo, em forma de agradecimento final. Não excluo a possibilidade voltar a publicar o que quer que seja, até ao final do ano. Se tal acontecer, o presente post deve ser interpretado como o último, o derradeiro deste espaço. Porém, se este for mesmo o último, desde já o meu mais sincero obrigado a todos, pelo tempo despendido na leitura destas missivas, tão inúteis como a minha própria existência.

Obrigado

Esquecimento...

(forgotten, by TwoOfHearts, deviantart.com)


Sinto-me inexplicavelmente arrasado, hoje. Uma tristeza profunda, sem razão aparente... É grande o esforço que tenho feito ao longo do dia, para me manter fora da cama. Em concreto, não posso dizer-vos o que se passa dentro deste cérebro em ruínas, pois os sentimentos, esse defeito de fabrico do ser humano, não podem ser explicados.

A vida já não me sabe bem. É quase um estado catatónico, aquele em que me deixei mergulhar, numa atitude de total apatia em relação a tudo (e todos) os que me rodeiam... E a mim próprio. Com o passar do tempo, tudo se vai desvanecendo e perdendo o pouco sentido (positivo) que ainda lhe poderia atribuir... Pequenos prazeres da vida, como tomar um café, cumprimentar um(a) amigo(a) ou ouvir aquela música de sempre, deixam, cada vez mais, de o ser... Prazeres.

A minha postura perante os outros já levou alguns a repararem, "não és o mesmo"... Presumo que isso seja positivo, pois custar-lhes-à menos, no dia em que a minha sombra deixar de pairar sobre as suas existências. O facto de não o fazer propositadamente, é para mim mais um claro sinal do óbvio, apenas mais uma etapa no longo caminho que cada vez se aproxima mais do seu inevitável desfecho.

[What I was looking for, as expected, isn't something I can have... From now on, I'll never look again (for something which can't be found). Anymore...]

Confiança

Em mais uma daquelas incursões inúteis por sítios de ninguém, deu consigo a pensar (de novo). Mais instável a cada dia que passa, já nada o convence, e tenta procurar em todas as coisas uma explicação tão racional quanto possível. É então que lhe surge esta dúvida: Confiança. O que é, afinal, a confiança?

Um dia, acabado de chegar ao Buraco, olhou em frente, e viu o seu reflexo numa velha máquina de jogos arcade, desligada. Engoliu em seco e conteve-se, para não gritar. Aquilo que ali via não era ele... Aquele não era o indivíduo que um dia teve o sonho de ser alguém... Não era uma pessoa, porque as pessoas vivem. Era antes, um reflexo apagado, uma sombra de algo cuja chama vital se apagou, uma vela que ardeu até ao fim, restando dela apenas a cera queimada na base do castiçal... E foi-se embora.

Destruído uma vez mais, isolou-se (mais uma vez) no seu canto. Lá, esperava por si aquela que traria a resposta para a dúvida que lhe assolou a mente, ao inicio da noite. A tal Confiança...
Dona de uma mente tão pura que parece retirada de um filme infantil, com a sua simplicidade gritante, sorriu para si e os olhos, os tais "espelhos da alma", confortaram-no como se de repente, toda a sua (in)existência passasse a ter sentido.

A suas palavras impediam-no de adormecer, tal o impacto que tiveram em si. Sorriu, sem querer, algo que não acontecia há muito. Acreditou nela, por fim. CONFIOU nela... Porque, contra todas as probabilidades, ela CONFIOU em si...

Duas horas depois, tinha finalmente definido um conceito para a tal palavra.. Haverá mais, indubitavelmente. Mas para si, nesse caso concreto, bastou-lhe aquele. Prometeu não o partilhar com mais ninguém (seria apenas deles). E adormeceu...


Este é um post dedicado a alguém especial. Essa pessoa sabe que é só seu, o texto.

Abismo

(end of the line, by Rio Bravo, deviantart.com)



É como um veneno sem qualidade, aquilo que o vai matando. Misterioso, sem dúvida. Às vezes sente uma dor tão forte que pensa ter chegado o momento.. Da morte física, bem entendido. Mas não, falso alarme, uma vez mais. Aquela inexistência sem sabor, teima em prolongar-se indefinidamente. Cada vez mais enfraquecida, é certo, mas subsiste. Baseia-se porventura, nas (cada vez menos) efusivas demonstrações de afecto (de cada vez menos pessoas) e, ainda, nas (cada vez mais) ténues esperanças (de renascer).

Uma vez mais, isola-se do mundo, no seu pequeno e sombrio espaço. Toma consciência daquilo que foi um dia, daquilo que é, e daquilo que jamais será. Ali, percebe que a tal morte (espiritual) já tomou conta de si, há muito. Então, cerra os dentes, querendo gritar e não conseguindo, e sente de si próprio uma raiva indescritível, por ter deixado as coisas chegarem a um ponto sem retorno... Como foi possível? Certamente não foi o único culpado, haverá mais pessoas que têm a sua quota parte, mas é o principal, ele.

Ele sabe que o abismo se apresentará (uma vez mais) ante si, mais tarde ou mais cedo. A sua única dúvida consiste em saber se se deixará ir, dessa vez, rumo à libertação final. É esse o seu desejo, no fundo, sabe que é a sua única saída. No entanto, só nesse dia do fim (derradeiro) saberá se o único motivo que ainda o mantém neste mundo continuará, ou não, a ser suficientemente forte para o impedir de dar o último passo...

Free Fallin'

Cego. Por ter visto demasiadamente pouco durante a sua curta inexistência. E surdo, tão surdo que é incapaz de ouvir as suplicas, que uma e outra vez, alguém teima em gritar-lhe. Ele lá caminha, em círculos, sem rumo. É assim que se sente bem, na sua incomensurável vontade de ser ninguém. Ou, na sua tremenda ingenuidade. Ingénuo quando um dia pensou que o mundo era perfeito, que um dia realizaria todos os seus sonhos, todas as suas fantasias e desejos mais singelos. POIS ABRIU OS OLHOS! À força, e assim, cegou. Quando percebeu que afinal, tudo não passava de uma utopia, um sonho que um dia teve e do qual o acordaram com um grito tão alto, que ensurdeceu...

Caiu, então, numa nova realidade. Um mundo de dor insuportável, onde os dias duram anos, onde não existe bondade, inocência ou complacência. Nem compreensão, nem honestidade, nem beleza... Só trevas, ruínas, cinzas. Afinal foi para isto que nasceu, para se arrastar penosamente pelo caminho mais difícil que, no fundo, foi ele próprio que escolheu.

Nestes dias do fim, ele enlouquece. Mas, sempre com um sorriso nos lábios. De tal forma, que ninguém se apercebe do que está a acontecer. Aquele mundo é só seu, para sempre. É assim há quatro meses.........

Madness...

(I wish I, by p0m, deviantart.com)


Saudade. Do tempo em que o próprio tempo fazia sentido... De quando um sorriso bastava para que a mais longa das esperas tivesse feito sentido. De quando as horas nunca passavam na tua ausência, e de quando as mesmas horas passavam a voar, quando estavas comigo. Saudade da tua voz, do teu olhar mágico e do teu toque, dos teus passos, dos teus lábios e das tuas lágrimas. Saudades de ti, tuas, só tuas. Das profundezas do teu espírito que absorveu o meu e o aprisionou algures num lugar que já não existe, e lá ficou, para sempre...
Com o aproximar do tempo frio, as recordações enlouquecem-me... Tudo volta por instantes, como se tivesse passado apenas um segundo... E choro. O mais incontrolável de todos os sofrimentos, como ninguém poderá, nunca, imaginar. Sozinho... Como sempre. Como nunca deixei de estar, mesmo quando estava contigo e me perguntavas o que tinha e eu não respondia... Sozinho.

Nestes dias do fim, de costas voltadas para o mundo, deixo que a loucura se apodere de mim. Esperançado que esse mesmo fim se apresente (ante mim) o mais rapidamente possível... O FIM.

Halloween

(Happy Halloween, by darkelements, deviantart.com)


Dia da Bruxas. As bruxas, as bruxas. Há tantas por aí... Mas não são tão perceptíveis como isso. Não vestem de preto, não usam chapéu bicudo nem voam em vassouras, mas que as há, há. E bruxos também. Os cientistas dizem que o ser humano utiliza menos de dez por cento da capacidade do seu cérebro, mas podem existir excepções. Existem certos indivíduos que talvez o consigam, utilizar mais que a norma. Sinceramente sempre fui extremamente céptico em relação a tudo, ou quase tudo, o que os meus olhos não vêm. No entanto, por vezes, acontecem determinadas coisas que dão que pensar... E mais não digo. Foi só para não deixar de escrever algo no ultimo dia do mês. Happy Halloween for all ya.

The Perfect Dream

Afinal ele estava vivo! Dos escombros surgiu um ser completamente novo. Desprovido de sentimentos de maior, desapegado de todos os bens materiais, indiferente a tudo e todos. Ignorando os que lhe chamam louco ou dele desdenham como se de um animal se tratasse, rindo na cara dos que o tentam atingir com a sua mediocridade gritante. Convicto de que um dia lhes irá mijar na campa, a todos! Ele mentaliza-se que, afinal, nem tudo está perdido. Como ele sonha, o indiviso! E depois acorda… E percebe que, afinal, não passou disso mesmo. Um sonho… Intangível?

Adrenalina



Parou de chover por instantes... E a alegria voltou! Pálida e efémera é certo, como um sorriso sincero de alguém que acabou de ouvir em murmúrio, uma palavra carinhosa da única pessoa cujas palavras carinhosas significam algo de verdadeiramente especial. A adrenalina soltou-se por instantes, poderosa, como raramente havia acontecido anteriormente. Uma sensação de poder invadiu então cada recanto daquele ser turbulento, o mundo esteve a seus pés naquele curto espaço de tempo. É incrível como tão pouco é por vezes tanto, quando tudo o resto é tão cinzento, tão monotonamente repetitivo, doentio, desesperante...
O regresso à normalidade teve então um impacto menos negativo que o espectável, pois a esperança não se desvaneceu como outrora... O dilúvio que entretanto se abateu sobre o lugar, não mais trouxe que uma pequena inundação, mas o sorriso cínico, pela primeira vez, não se esbateu, e continua lá estampado naquela face, cujos olhos desgastados brilhavam hoje como nunca antes acontecera...

Turbulência

(The Perfect Storm II, deviantart.com)


Com os relâmpagos regressaram os tempos de turbulência, e o consequente impacto nos meus dias já de si pouco estáveis. A inspiração para escrever não existe, tão pouco a vontade de a procurar nos confins deste cérebro cada vez mais desgastado e fraco. Com a chuva se foram mais alguns sonhos, ilusões criadas uma vez mais, sem fundamento ou aparente razão de ser. Sem que o consiga evitar ou sem que alguém o consiga perceber, dou por mim encostado às paredes sem a mínima vontade de nada. Derrotado uma vez mais, pelo tal inimigo invisível que me vai destruindo aos poucos. Inerte, desmotivado, descrente, auto-excluido. Morto...

Still rainin' inside my world...

To Weenie

Amizade. Pura, sincera, sem segundas intenções, verdadeira. Por vezes passamos uma vida inteira a lidar com certas e determinadas pessoas, que temos na mais alta consideração e estima, pelas quais fazemos tudo e mais alguma coisa. "Os nossos melhores amigos"! Pensamos nós... Enquanto servimos de taxistas, confidentes, enquanto somos palhaços, é tudo uma maravilha. Pior é quando acordamos para a realidade... Quando, à primeira oportunidade, esses tais "amigos" nos enterram o gume afiado da faca da sua falsidade, directo no coração.
Muito mais haveria a dizer... Mas não neste post.
Voltando ao inicio, descobri recentemente que afinal não precisamos conhecer pessoas durante mt tempo para que as possamos considerar amigas. Para a minha nova conquista neste delicado campo, fica um obrigado por tudo, por tudo o que és e não és, pela sinceridade e profundidade ds tuas palavras, por me teres arrancado um sorriso sentido no momento em que me fizeste perceber isto mesmo. A ti minha amiga, minha mana, te dedico esta letra de uma grande canção, na falta de inspiração para escrever algo por mim próprio... Um grande beijo.


"I never thought that tonight could ever be
This close to me
Just try to see in the dark
Just try to make it work
To feel the fear before you're here
I make the shapes come much too close
I pull my eyes out
Hold my breath
And wait until i shake

But if i had your faith
Then i could make it safe and clean
If only i was sure
That my head on the door was a dream

I've waited hours for this
I've made myself so sick
I wish i'd stayed asleep today
I never thought that this day would end
I never thought that tonight could ever be
This close to me

But if i had your face
I could make it safe and clean
If only i was sure
That my head on the door
Was a dream
"

(Robert Smith)

. . .

It's raining inside my world... There, my silent movie, the one that I created, doesn't include sunshine or any kind of beauty. Only pain, suffering, only lost smiles... Merely the memory of a last kiss, a last whisper on that cold summer night, the longest night I've ever known... The end of something that should have never existed, the end of something that never really existed. Only a dream on someone's pathway to insanity, only a shadow of a perfect body, a defective soul... Only a portrait inside someone's extravagant mind, a memory lost inside an old book forsaken by the world... The world! Blinded by the inability to do anything, this is the brave new world that I found. What I have been, one day, is no longer something I could be again. It's only a drowse memoir...

And it rains every single day, in this lifeless existence...

Benighted

Come into this night
Here we'll be gone
So far away
From our weak and crumbling lives
Come into this night
When days are done
Lost and astray
In what's vanished from your eyes

What came and distorted your sight
Saw you benighted by your fright

Come into this night
Your plight alone
Carry your weight
You are flawed as all of us
Come into this night
You only home
It's never too late
To repent, suffer the loss

What came and distorted your sight
Saw you benighted by your fright

What came and distorted your sight
Saw you benighted by your fright

Come into this night
When you're able
To undo your deeds
And atone with your lonely soul
Once you're into this night
All minds are stable
Forget all your needs
Lose the grip of all control



(Opeth, 1999)

Self Portrait

(Castle Black, by Ghost of Freedom, deviantart.com)


A King in my own mind... Acho que já nem isso resta. A mente luta todos os dias, contra os inimigos mais ou menos visíveis... Seja um corpo cansado pela insipiência das acções ou a (sobre)vivência diária neste fim de mundo a que chamo "casa", "terra". Sejam as incontáveis desilusões ou as teimosas recordações de um passado mais ou menos recente que insistem em atormentar-me, dia e noite, um dia após o outro, e mais outro... Seja o sentimento de culpa por males provocados com ou sem intenção, por orgulho ou afirmação... Seja o cansaço e o stress inerentes a uma vida tão vazia, desesperante, extenuante. O que quer que seja ou não seja, está a acabar comigo a uma velocidade tremenda, de uma forma que eu não consigo explicar, ou travar. As forças estão prestes a esgotar, como um caminhante sem rumo que acaba por sucumbir antes de chegar ao fim do seu destino desconhecido. Como uma máquina obsoleta que alguém colocou num canto, inutilizada, quando apenas precisava de um pouco de óleo para continuar a ser útil...
É este o meu auto-retrato neste dia cinzento. A máquina não pode funcionar novamente. Não sem a essência vital que um dia teve, e alguém deixou acabar. O tal "óleo" que esgotou e a bloqueou, destruiu, talvez irremediavelmente.

Still looking for something which can't be found........

Game Over

Como é inglória esta vida! O sentimento de frustração, quando se tem a certeza de algo e se tenta ajudar alguém a sair de um pesadelo que só esse alguém não consegue ver, é amargo e doce ao mesmo tempo. A amargura surge precisamente da sensação de impotência perante mentalidades tão teimosamente obcecadas por algo que não existe. Pela certeza de que por mais que digamos ou façamos, essas mentalidades jamais se abrirão para absorver a dura realidade, e nós, que só tentamos ajudar, salvar, é que somos os maus... No entanto se há lição que aprendi já durante esta curta mas sofrida estadia neste mundo demencial, é esta: tudo o que de bom ou mau fazemos nesta vida, será recompensado, ou castigado, ainda durante a mesma. Não depois da morte, como alguns fundamentalistas das religiões vaticinam e profetizam como se da mais pura e incontestável verdade se tratasse. E é aí que surge a "doçura"... Nasce da certeza de que um dia, mais tarde ou mais cedo, a nossa razão será reconhecida. Só que nesse dia, será tarde demais para alvos da tentativa de salvação. Nesse dia eu estarei de braços cruzados e sorriso na face, e direi: " - Eu avisei-te!"
E é só isso que me consola, só isso me impede de me deslocar uns quantos quilómetros e fazer estragos, pois em boa verdade, no fundo, foi um sermão que ninguém me encomendou. Cumprimentos fraternos de despedida para quem sabe da história. Fica aqui, definitivamente, enterrada.

Para os restantes leitores, a promessa de voltar em breve, com posts que seguramente interessarão mais a quem procura os conteúdos inerentes a um blog deste género. BBS...

Downfall




That's how I feel myself today...


The night of timeless fire is drawing near
I flee... Throughout the years of throe
Watching through a mirror, as I fall apart
I see a wreck, I'm burning

I see angels burning, falling down in ruins
Looking down I see me, I'm my own enemy

Watching myself decaying, falling from high spirits
I flee... Throughout the ruins of me
Longing for finding my way out
Leaving myself, there's nothing left for me
The ruins are about to crumble down.

The flame is dying by shivery winds of jet black skies
It reflects hatred in my eyes

I see angels burning, falling down in ruins
Looking down I see my ashes scattered around my grave

Angels whispering fire, no longer I'm alive
Settled down I'm done with the trip to my kingdom come

In My Time Of Dying...

(a dream on our way to death, by foureyes, deviantart.com)


"Feliz de ti, que tens o dom de respirar..."
O dom... Se o fosse, preferia não ser o escolhido. Esse era o dom que eu dispensava... Porque pior do que estar morto, só (sobre)viver assim. Tanto sofrimento que tinha sido evitado! Tantas lágrimas que não teriam sido derramadas... Mas infelizmente não podemos ter o poder de evitar a nossa entrada neste mundo. E que não me venham dizer que há que saber viver para ser feliz, bla bla bla. Porque existem pessoas que, simplesmente, não têm uma oportunidade de VIVER. E às vezes isso torna-se sufocante... A pontos de pensar que nada mais vale a pena. E só existe uma saída... Mas no último instante há sempre algo que nos impede de cair. Um telefonema inesperado de alguém que mal conhecemos mas que nesse instante se transforma na pessoa mais importante do mundo. Ou um pensamento teimoso que nos faz gritar de raiva e dar um passo atrás. Não sei porque isto acontece, nem se acontece a todos aqueles que acharam ter chegado o momento. Talvez um dia, NO dia, o telefone fique sem bateria. E o cérebro esteja demasiado destruído para sequer pensar.........

No Exit?

(the suffering, by posed to death, deviantart.com)


Eis o regresso às origens do blog. A banda sonora da minha libertação criativa. A inspiração tem faltado, bem como a vontade de a procurar nos confins da minha mente insuportável/insustentavelmente cansada das sucessivas batalhas que trava consigo própria diariamente.
O poema de José Régio ecoa no meu cérebro de uma forma inexplicável... As vezes dou por mim a pensar nele e um sorriso irónico acaba por escapar inevitavelmente. A genialidade do poeta é por demais evidente, naquele que é um retrato oportuno de muitas mentalidades. A falta de coragem da maioria daqueles que com ele se identificam, é a causa da maior parte dos seus problemas... É fácil dizer "não sei por onde vou, não sei para onde vou, sei que não vou por aí". O pior é quando não existe a coragem ou a vontade suficiente para fugir à marcação apertada dos "aprisionadores de vidas". Para não ir por ali. Para desenhar os próprios pés na areia inexplorada ao invés de permitir que esses mesmos pés sejam constantemente pisados, propositadamente, pelos tais "superiores"... E a própria dignidade é muitas vezes posta de parte, para que a vida, mesmo sendo má, possa continuar.
Acho que a coragem está a chegar, e começo a pensar: there is an exit for me...

Cântico (que não vai ser mais) Negro

Às vezes é difícil escrever algo que ao mesmo tempo consiga ser profundo e acessível... Para ti que já mudaste a minha vida, fica apenas a constatação desse mesmo facto, que por si só já diz muita coisa, se atendermos às condicionantes que existem e às limitações próprias da história que ainda agora começou. Espero que para variar, nas nossas vidas turbulentas, esta seja uma história com final feliz. E como não sou muito de lamechismos, deixo-te aqui o meu poema favorito, esse que ouviste magistralmente interpretado pela voz de uma grande banda portuguesa...



«"Vem por aqui" - dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom se eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui"!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Ha, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguem.
Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mae.

Não, não vou por ai! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vos responde,
Por que me repetis: "vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pes sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pes na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vos
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avos,
E vos amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sabios.
Eu tenho a minha Loucura!

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguem.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguem me dê piedosas intenções!
Ninguem me peça definições!
Ninguem me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um atomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
Sei que não vou por ai.»

(José Régio)

Little Brains v1.21

Ora aqui ficam mais algumas pérolas da língua portuguesa, orgulhosamente proferidas pelos meus vizinhos neste humilde espaço. Esses grandes senhores da guerra! (Quem tiver por aí um tradutor dos bons é favor avisar.........)

"AHAHAHAHAHAH!!! Acampadão da merd*, chupa taco!!" "Oh filho da put* vais cag** esse balázio!" "Vamos fazer (Bótemápe)1 eu kero k vão todos pa CT!" "Tu nao eras terrorista ó filho da put* pissudo??!" "Ah corno do caral**, mais uma dessas e voltas a entrar pela co** da tua mae!!!" ... ... ...

Aqui fica o testemunho. O próximo patch não deve tardar, a editora está constantemente a actualizar o software... ;)

Revenge

A vontade que eu tinha de escrever aqui umas verdades hoje... Mas por respeito às pessoas que visitam o blog com o intuito de ler algo com o mínimo de interesse, não o vou fazer. Para a put* rosqueira que hoje achou que conseguiria o seu objectivo ficam aqui seis palavras: quem ri por ultimo, ri melhor. E mais não digo, em consideração às tais pessoas que têm este espaço em boa conta. A elas as minhas desculpas, mas não podia deixar de escrever isto hoje.

Sufoco...

(deviantart.com)


Já não me reconheço. No meio dos escombros não resta muita coisa... Apenas as memórias do que em tempos foi belo, do que em tempos me fez sentir vivo. Essas memórias atropelam-me constantemente, sem que as consiga evitar. Por mais que olhe para os dois lados da rua antes de atravessar, há sempre alguém que não consigo ver e acaba comigo impiedosamente, uma e outra, e mais outra vez. E esse alguém é sempre o mesmo. Ergue a sua altivez como um facho, tão alto que apenas a mim queima. "Não te deixes afectar", dizem-me alguns, "afinal é passado". Mas ninguém pode entender o que sinto. Pois só quem sente pode entender determinadas coisas... Sensações e sentimentos tão opostos que se misturam e provocam uma reacção em cadeia, que de tão incontrolável só pode ter um final infeliz. Só existem duas saídas possíveis. Em qualquer dos casos, there will be no farewell...

Little Brains v1.0

"Acampouço!" "Quem foi o filho da pu** k me matou??" "O cabr** k me arrebentou vai levar um murro nos corn**!!!" "Ahah fod*-te à bombada!!!" "Mijão, anda cá com a naifa se tens quilh*e*!!!" "Bamos andar de carro!!!" "Oh Jonas és kê? - Terrorista. - Ah ainda bem!" "Já te vi animal tas aí acampado com a sniper seu reco!!" "Oh fod*-se a mim dois não caral**!!!" "Suicidei-me!!!!" ... ... ...

Isto são apenas algumas das pérolas da língua portuguesa que ecoam nos salões de jogos um pouco por todo o lado, nesse que tantos consideram o jogo dos jogos, o tal CS. Verdadeiros mestres na arte da matança, estes espécimes exemplares da raça humana divertem-se horas a fio a jogar em rede. Ainda agora aqui ao meu lado, um puto para aí com 14 anos (tresandando a erva) pragueja alto e bom som o mais variado reportório de palavrões que se possa imaginar, enquanto martiriza o rato e o teclado do PC com violentas pancadas.
Aqui fica um breve retrato da pequena comunidade onde estou inserido. Dava para uns quantos sketches da Little Britain... But.. "Computer says NO!" ;)

Saudade...

(saudade, deviantart.com)


Dizem alguns que é a mais portuguesa de todas as palavras... Porém, não importa em que língua seja pronunciada, só quem a sente pode entender o seu significado... Hoje sinto-a, cruel. Não existe nenhum motivo particular. Uma memória especial de alguém que partiu é suficiente para escrever este post que muitos vão achar banal. Mas não é por isso que deixo de o escrever, pois basta que uma pessoa apenas dê um sorriso ou verta uma lágrima para que tenha valido a pena. A tristeza infinita pela perda de alguém querido nunca se desvanece. Que ninguém me diga que o tempo apaga tudo, porque é MENTIRA. Daqui a 2 meses faz 2 anos que ela partiu e a saudade é cada vez maior. O tempo passa e eu jamais a esquecerei. A cada dia que passa, a saudade só se intensifica e às vezes é sufocante. Saber que nunca mais poderei afagar-lhe a face, que ela não voltará a chorar por mim nem a deixar de comer quando eu me ausentava por uns dias, que ela não voltará a olhar-me nos olhos com o mais profundo dos sentimentos, que ela não volta jamais... Restam as memórias. Dos bons momentos... E do momento em que ela olhou para mim a ultima vez antes de cair, sem vida, com a maior dignidade imaginável, depois de uma semana de um sofrimento atroz que nos colocou a todos a reflectir sobre o verdadeiro sentido e significado da vida. Falo por mim... Jamais te esquecerei...

Será que o tempo existe? Ou será ele apenas mais uma das nossas ilusões?
Mais uma vez fica uma questão para a qual ainda não encontrei resposta...

My Weakness 2

O fim do mundo, do meu mundo, tal como o conheço, está próximo.
Por vezes aquilo que desejamos nunca se concretiza. Mas quando o desejo é tão forte que se torna uma obsessão, a sua concretização nem sempre se afigura mais fácil, e acontece precisamente o contrário.
Por mais que nos esforcemos por por atingir objectivos, às vezes aparecem obstáculos que são, simplesmente, intransponíveis... Será mesmo assim, ou seremos nós demasiado fracos, demasiado comodistas, preferindo simplesmente aceitar esse facto ao invés de tentar ultrapassá-los e arcar com as consequências?
Ainda não encontrei a resposta para esta questão...

Wrong Choices

"How does it feel?, to be on your own, no direction home, like a complete unknown, like rolling stone..." (Bob Dylan)
Quando se chega ao ponto de saber esta resposta, já muitas coisas na vida deixaram de fazer sentido. Provavelmente, a própria vida deixou de o fazer. Há muitas interpretações possíveis para isto. Na minha perspectiva pessoal a genialidade do individuo que concebeu este poema é directamente proporcional à sua loucura. Tal como um velho amigo me disse um dia, "Na vida tudo é feito de escolhas, e tens sempre 2 caminhos que podes seguir. Por isso, seja qual for aquele que escolheres, era apenas uma das opções que tinhas, logo, não adianta lamentares-te. Simplesmente, vive." ... Em parte eu subscrevo estas palavras. No entanto, existem algumas delas (escolhas) que podem ser de tal forma erradas, que levam o individuo a perceber a tal resposta à pergunta formulada em cima... É o meu caso... Mas sobre isso falarei num outro post.

The Quiet Place...



Um Lugar Tranquilo

O ruído contínuo, irritante, da máquina de dardos do "Ti Manel", proprietário deste humilde espaço onde me encontro a tentar escrever algo inutilmente legível, perturba-me hoje mais do que o habitual. Eu só queria um pouco de silêncio para ver se esta dor de cabeça horrível acalmava um pouco...

Everything Dies



My Weakness

Há uns anos, durante sete ou oito noites consecutivas, tive o mesmo sonho. Um sítio onde eu estive um dia era a ultima recordação antes de iniciar uma queda vertiginosa por um túnel escuro. Ao fundo havia uma luz amarela... Mas a queda parecia interminável. Aí ouvia um grito de uma voz desconhecida, quase em surdina, e acordava... Acordava completamente desorientado, com o coração a mil, uma sensação indescritivelmente má.
Durante todos estes anos lembrei-me desse sonho umas quantas vezes, sempre em períodos de grande depressão e turbulência psíquica... Ultimamente, não consigo pensar noutra coisa. Desde a primeira vez que o tive que tenho a certeza do seu significado. A morte... Muitos achar-me-ão louco. Mas não importa, é para isso que os blogs servem também. Desde essa primeira vez, a morte passou a ser um assunto que me fascina até um determinado ponto. Não a temo, muito pelo contrário. Penso tantas vezes nela, no quanto eu gostava de adormecer e nunca mais acordar.
Será que somos apenas shadows and dust? ...

Cogitações de uma mente distorcida

"The weakness of hope is the strenght of decline"...
Fazer disto um lema de vida é fácil. Difícil é resistir a isso... No meu caso, o processo de decadência já foi iniciado há bastante tempo. A força da esperança foi tantas vezes vencida pelo poder das inúmeras adversidades que já quase não existe...
Justificações são muitas, as de sempre, e mais algumas. But... Who cares? Já houve quem quisesse saber, ou pelo menos, já houve quem me tenha convencido disso. No entanto, a efemeridade das coisas boas que acontecem na minha vida é directamente proporcional à minha habilidade excepcional para acabar com elas.
Se eu acreditasse nessas coisas diria que é uma maldição, mas como não acredito, não encontrei ainda uma explicação. Estarei eu a ficar louco?

I Break

Sounds of imbalance
Sleeps through the never
The artificial lightsource
Is creeping with flies

And this time i break
I will never make
Another day
Defiant to what's delivered

I will find a way
To sever myself
Exit all today
You can't see this
Did you ever say
I break sever
I will find a way
Visit me when i'm there

The weakness of hope
Is the strength of decline
Remember what's past ways
And what i've become
The joy of not being
Something i need
I'm only weather
But only to me


(Katatonia, 1998)

Timelessness


I've felt darkness
closing in on me
Chilling shadows
surrounding me
I've had the poison
leak into my skin
And it corroded my heart away
Bled away
Cut away
Dark night of my soul...
(Fear Factory, 1998)

O Inicio do Fim

Primeiro post de "oh não, mais um blog??!"
Vamos ver se daqui sairá algo mais do que nada. Terei eu paciência para manter um blog em funcionamento? Será k vai haver mais alguém a visitá-lo além de mim? Sobre que assuntos irei eu bloggar? Musica, Cinema, Desporto? Tudo temas taaaaaaaaao gastos... Logo se vê. Bem... Para já chega, não me apetece escrever aqui mais nada.