Compassos

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Formas geométricas, desiguais, distorcem a visão do criador. São reflexos de negritude, estereótipos de amargura, caixões pregados no vazio das pálpebras.

São lágrimas...

... Que de tanto baterem nas pedras dos dias, há muito se transformaram em sangue, corridas a pontapé dos rostos de quem já não as pode albergar.

Os ventos de mudança foram sempre tumultuosos, a pontos de anteciparem, uma e outra vez, tempestades tão fortes que, capazes de inundar a alma, encerravam em si pesadelos capazes de resistir a quase tudo.

Mas no final... O silêncio.

Silêncio, quando às orelhas moucas já não chega a voz da razão, silêncio, sempre e quando for essa a única forma de não ensurdecer, silêncio: senão perante vontades alheias, pelo menos, como forma de nos salvarmos da cólera que a intolerância provoca nos homens, sempre que no final do dia se sentem perdidos, algures numa selva para a qual não foram criados...

...e mais não conseguem ser senão uma sombra, vã e cega, perante o ecrã de um computador, queimando o que lhes resta de uma criatividade perdida no tempo, e que mais não significa, senão...

O fim...

Old Man

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Velho... Espirais de tempo, passam por ti e levam-te em viagens intermináveis onde se misturam passados tortuosos, presentes confusos e futuros incertos.

Deixas-te ir, impelido por um vento poderosíssimo que te consome a alma, impotente que és perante a força do desconhecido.

Por vezes é possível vislumbrares a saída, mas vais sempre depressa demais!, e nunca consegues alcançar-lhe o âmago, preso que ficas, quase sempre, nesses buracos negros, frios e húmidos, desprovidos de qualquer sentido.

E assim, inerte, quedas-te quase sempre, pelas vielas estreitas de uma vida sem norte, incapaz que és de alcançar a auto-estrada do progresso, ou, por outras palavras, o caminho... Da felicidade.

Meu velho...

When Days Are Done

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Há muito que tenho pouco para dizer.

E por entre todos os nadas que tento espremer-me, mais não escorre que uma ténue réstia de quem fui, indiferente que estou ao facto de estar a tornar-me em quem não quero ser, amanhã.

A imaginação flui, por entre sons psicadélicos e cacos de vidros transparentes, em trips cada vez mais alucinantes, que me conduzem, quase sempre, ao mesmo destino: um estado semi-catatónico, de total apatia pelo mundo e pela vida que em si, vale menos que nada.

E acaba sempre assim...

Cão da Morte

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O cão da morte vagueia pelas ruas e por ele ninguém dá, até ao momento em que a sua mordida entra bem fundo no coração dos que por ele clamam, inconscientemente, talvez.

Vale tão pouco a vida de alguns, que bem pensada, não daria sequer para preencher um mero parágrafo, de um qualquer texto como este que vos escrevo.

Conheço o bicho como poucos, apesar de por ele nunca ter sido atacado, pelo menos, directamente.

Tenho o coração inquieto, como se já não necessitasse sequer de uma ténue faísca, para explodir definitivamente dentro de um peito que foi, sempre e invariavelmente, demasiado exíguo para o conter.

Perdi o controlo de quase todos os veículos tripuláveis desta vida, e do cheiro a pneus derretidos que emana de todos os sítios por onde passei, mais não resta senão a dor, inexplicável, de nunca ter, verdadeiramente, sido alguém...


Sinto o gume frio da navalha até ao osso... Sinto o cão da morte a bafejar no meu pescoço...

(Novelos da) Paixão

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Maquinista de quase todos os comboios sem destino, passageiro porém, perante a inevitabilidade de certos fins, impotente que sempre fui perante forças que, instaladas no núcleo central de processamento desta máquina enferrujada, se desencadeiam a seu bel-prazer, sempre e quando, da insalubridade dos dias emergem sentimentos contraditórios, como o sejam, o amor, por oposição à negritude do meu ser.

Em tempos já distantes, achava eu, inocente, ser possuidor de um conhecimento sobre a matéria, de tal forma vasto, que me haveria de impedir de cair nos abismos em que os outros, à minha volta, mergulhavam, também eles assomados pela histeria mais ou menos controlada em que as suas vidas mergulhavam, aquando da chegada do tal cupido.

Os meus ombros serviram de conforto a tantos seres, que por mais que viva, dificilmente derramarei, até ao final dos meus dias, lágrimas que cheguem para equilibrar a tal balança dar-receber (ou não fosse essa a minha sina, desde sempre).

Tantos anos volvidos, e ainda que não completamente convencido, rendo-me por fim às evidências: tudo o que eu pensava saber, sobre o assunto, se resume a um grande, gigantesco, tremendo NADA...

Ou, pelo menos, é desta forma que me apetece pensar, perante os acontecimentos recentes.

Porque, a deixar-me levar pelas marés do costume, ondas gigantes apoderar-se-ão de mim uma vez mais, provocando o derradeiro tsunami que me varrerá da face da terra, de uma vez por todas.

Se será assim, ou com mais molho... "A ver vamos, como diz o cego"...

Écailles de Lune

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Escalas de lua como de notas musicais, tão sublimes que quase perfeitas para os ouvidos de quem os dias ensinam o significado de todos os hiperbolismos indissociáveis da vida.

Escalas de lua, que à intangibilidade de quase todos os sonhos, nos permitem dar largas à imaginação, salvando-nos do desespero, ainda que temporariamente, ainda que...

Efémeras.

Como tudo o que é belo, também finitas.

Débeis, perante as incongruências dos dias azedos, incapazes de resistir aos ferozes ataques da melancolia, inconsequentes, perante as partidas constantes que a nossa mente teima em pregar-nos, sempre e quando, nos esforçamos para contrariar a sua origem sombria...

Sufocamos lentamente, num esgar de dor, inquantificável aos olhos de quem não a sente, injustificável para aqueles cuja visão do mundo não vai para além do óbvio, para todos os que nunca sentiram na pele a derradeira consequência de certos actos: o deixar de sentir...

E assim vamos morrendo lentamente, nas mãos da nossa própria demência, incapazes que somos de nos libertar, impotentes perante a força do desconhecido, resignados, à inexistência do tal sopro de vida que nunca mais surge, ainda que a vontade, ainda que...

When Darkness (Doesn't) Fall

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Sorvo tragos dos dias, plenos de ausências, e atolado numa espécie de embriaguez dos sentidos, eis-me, não perante vós, mas perante mim mesmo.

Já não sou quem era, e de quem fui, mais não restam senão as sombras de um passado intemporal, que ora distante, ora presente, teima em não me deixar respirar, necessitado que estou, cada vez mais, de um sopro de vida que, a espaços, parece querer existir... Só para se desvanecer, novamente, numa aurora qualquer.

Já não consigo encontrar-me, perdido que estou neste emaranhado de sentidos, exausto, de tanto correr para lado nenhum, confuso, por já não saber o que esperar mesmo quando tinha a certeza de já ter percebido como funcionam certos mecanismos, os tais "amores" que, contemplados na primeira pessoa, teimam em querer cair a meus pés, antes sequer de eu ser capaz de agarrá-los, de agarrar-te...

Sobram as justificações do costume, aquelas que de tantas vezes repetidas, se entranharam em mim, de uma tal forma que já nem o mais forte diluente é capaz de removê-las. Como um veneno, cujo antídoto jamais fui capaz de encontrar, ainda que ele tenha estado, hoje e sempre, ao meu alcance.

Estranho destino, este, que teimaram em traçar-me, cientes de que a minha força, por si só, seria incapaz de derrubar todos os obstáculos que me ergueram à partida.

Sou capaz de salvar-vos, mas não consigo salvar-me a mim.

E assim sendo, com que amanhãs posso eu sonhar, sozinho que estou neste barco, furado, à deriva no mar tempestuoso?

...

Harvest (Live)


Uma dose de "Death Metal Fofinho" (© Beatriz 2010), para animar a tarde. :D


Prémio Dardos


Tal como prometido, aqui fica o post referente ao "Prémio Dardos", que gentilmente foi atribuído a este blog pela querida amiga Ane Montarroyos, do blog Lacunas do Tempo.

Sendo que a minha falta de tempo/disponibilidade para estas coisas não me permite ir muito longe, deixo aqui uma mini-lista de blogs aos quais "passo a palavra", deixando à Ane, uma vez mais, o meu sincero agradecimento pelo carinho que tem demonstrado pelo Life Is Killing Me. :)

And the winners are...

- Cookies & Milk
- Palavras Soltas
- Confusões, Depressões & Outras Complicações
- Coiso
- Just a Woman.

E é só. :)

Sentido Sem Sentido

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Dos estados semi-comatosos de alguns, mais não sobressaem senão os laivos de tacanhez que os ridicularizam enquanto seres humanos, estados esses dos quais é quase impossível acordar, uma vez neles mergulhados, uma vez rotulados e classificados os seus portadores, quase sempre, em quase todos os sítios.

O veneno produzido pela inveja é dos piores de todos: não sendo imediatamente letal, vai corroendo as veias, fervendo o sangue a uma temperatura tão elevada que, depois de dissolvidos os neurónios, transforma os indivíduos em seres semi-autómatos - previsíveis, como que pré-programados para a mesquinhez, sem alma: vazios.

Quando se chega ao ponto de desejar ardentemente a morte de um semelhante, apenas e só, com base na diferença de classes económicas, a humanidade está irremediavelmente perdida.

Afinal, tudo tem o seu preço... E trabalhar com afinco toda uma vida, é algo sobrevalorizado, pensam alguns. Só para malucos...

Certas pessoas que eu conheço, tiveram hoje um dia feliz.

"Excomungada morte, bem pouco trabalha", foi uma frase recorrente em certas bocas, cujas preces finalmente foram atendidas.

Ele morreu hoje, e a alma dos tristes sossegou.

Oxalá tivessem sido eles a "embarcar" no seu lugar, decerto o mundo teria ficado bem mais feliz.

Mas infelizmente, justiça é coisa que não existe, nos dias que correm.

All and all...

Descanse em paz, "Ti Óscar"...

ThanatoSchizO - 5th Album REC Sessions (Vlog III)


Por enquanto, um exclusivo para die-hard fans (ou não...).

Mas quando sair o álbum, e permitam-me um pouco de futurologia barata, o leque abrir-se-à em definitivo, e a estes senhores só poderá ser reconhecida, uma vez mais, a qualidade óbvia que sempre tiveram, desta feita, numa dimensão muito maior, pois estou convencido que estaremos perante um épico, e sabendo do que falo, dificilmente me enganarei...

É esperar (e desesperar) para ver (e ouvir, muitas vezes)... :)

Spiders


Para matar saudades, de uma grande banda, que tarda em regressar ao activo...

Peter Steele


Disse sempre, que se pudesse escolher uma voz, de um qualquer cantor, como a minha favorita, como aquela que eu gostaria de ter, se cantasse, teria grandes dificuldades em escolher entre dois homens: Robert Plant, e Peter Steele...

O segundo morreu ontem, e o mundo da música ficou incomensuravelmente mais pobre.

Peter Steele, o vampiro, o dono de uma das vozes mais poderosas e incrivelmente belas de todo o sempre (na minha humilde opinião) deixa-nos aos 48 anos, e atrás de si, um legado invejável, através de uma das melhores bandas de Metal jamais existentes, os Type O Negative.

À sua música "Life Is Killing Me" se deve a designação deste blog, e também ele ficou, hoje, mais pobre...

Entre o choque e a tristeza infinitas que se apoderaram de mim, aquando da oficialização deste trágico incidente, é-me difícil expressar-me da melhor forma, mas fica aqui a minha singela homenagem ao homem, ao músico fantástico que nos deixou mas cuja memória viverá para sempre, ao som da sua música...

But as you said, Peter... Everything Dies...



Rest In Peace, my friend.

Silêncio

(Imagem: Link)


Fosse o silêncio passível de uma definição objectiva, e a maioria de nós, seria incapaz de descrevê-lo, pelo menos, da forma exacta e precisa que todos os sujeitos aos quais se aplica tal adjectivo exigem.

Fosse o silêncio mais do que um mero estado de espírito, e a maioria de nós pereceria ante a adversidade dos dias, incapazes que somos de não ouvir, peritos que somos na muy nobre arte de falar demais, sempre, sempre.

Será o silêncio sinónimo de grandeza de espírito, ou antes, a quintessência do medo?

Eis-me aqui, a divagar perante vós, sobre algo a que me fui habituado ao longo de toda a minha existência, mas que à primeira oportunidade de sobre ele me pronunciar, me tolda a vista mais do que a alma, incapacitando, quiçá de uma forma permanente, a minha própria criatividade...

Fossem todos os silêncios tão significativos como a morbidez deste blog, e decerto o mundo seria um local um pouco menos deprimente para se viver...

Citar-vos-ia aqui inúmeras passagens, de meia dúzia dos meus filmes e músicas favoritos, que decerto vos transmitiriam, muito melhor que estas palavras, o que esse tal silêncio significa para mim.

Mas não o farei, pois prefiro deixar no ar esta incerteza que, em boa verdade, sempre norteou os meus dias, e desconfio bem, continuará a fazê-lo, até ao fim dos tempos...

Apenas...

Four numbers staring back at me
Displaying the mediocrity of my presence

I'm wasting my day watching them change
The sun with it's blue sky outside
Shining down on all you happy people

I'm wasting my day waiting for rain
Need more methods to end each day

To be happy by living this way...


(Silêncio...)...



(Texto escrito para a Fábrica de Letras.)

For Her Light


Amanhã, no Coliseu do Porto... E o Grave lá, em... Pensamento... :(

Beautyness

(Imagem: Link)


Cruel mundo este, que alberga as sociedades mais repugnantes que existem: as sociedades dos homens, animais como os outros mas que ao contrário destes, tardam em perceber a sua insignificância, perante a mãe natureza, e o restante universo.

Cruel mundo este, onde os que compõem as tais sociedades se negam ao mais básico dos gestos de compaixão, perante os seus semelhantes, perante os desvalidos que, por culpa do dinheiro ou de um copo de vinho, se abatem no gélido chão, tombados pela mão do cobarde que ri com o choro de quem não pode defender-se.

Perante isto, definam-me "beleza".

Ou preferem que eu lhes aponte o que não é, afinal, digno desse adjectivo?

Em boa verdade, sentir-me-ia tão à vontade neste campo, que a minha demarcada parcialidade seria porventura suficiente para vos entristecer, e assim, prefiro não o fazer.

Prefiro continuar a absorver dos sonhos, utopias; pensar que a cruel verdade dos dias mais não é que uma espécie de contra-balanço, preparando-nos para o futuro risonho que banhará todos os que nos são queridos, como um raio de sol que por mais que nos ofusque, lhes trará a felicidade merecida, a eles, e por consequência, a nós próprios...

Prefiro continuar a não ser belo, se dessa forma não tiver que me render aos que agora critico, e nos quais correria o risco de me transformar, mudando.

E enquanto eu assim for, eternamente só, o mundo continuará a girar, pois é assim ele faz sentido, pois para eles nunca de outra forma o fará, enquanto eu não for capaz de o assimilar, enquanto eu não for capaz de admitir perante vós, que nele existe...

beleza.


(Texto Presente na Fábrica de Letras)