Uma Paixão

Visita-me enquanto não
envelheçotoma estas palavras cheias de medo e
surpreende-mecom teu rosto de Modigliani suicidadotenho
uma varanda ampla cheia de malvase o marulhar das
noites povoadas de peixes voadoresvemver-me
antes que a bruma contamine os alicercesas pedras
nacaradas deste vulcão a lava do desejosubindo à boca
sulfurosa dos espelhosvemantes que desperte em
mim o gritode alguma terna Jeanne Hébuterne a
paixãoderrama-se quando tua ausência se prende às veiasprontas
a esvaziarem-se do rubro ouroperco-te no sono
das marítimas paisagensestas feridas de barro e
quartzoos olhos escancarados para a infindável
águavemcom teu sabor de açúcar queimado em redor da
noitesonhar perto do coração que não sabe como
tocar-te.

(Al Berto)

2 comentários:

Anónimo disse...

...tal como as paixões exclusivo, impar, singular, delicado...dificil, espinhoso, mas muito original e aceso.

bjs

;)

Pandora 2009

Anónimo disse...

Oh Al Berto...
Sou de Sines, da terra desse senhor. Cresci a ouvir os seus textos e os seus poemas. Cada vez que me vou para perto do mar, pensar, sinto-me mais como ele: uma perdida no meio da selva da sociedade.
Um bela escolha, sem dúvida :)
Comentaria o outro post, mas as palavras hoje fogem-me demais. E tudo aquilo que hoje te poderia dizer, seria aquilo que não escreveria. Por isso, deixo para um outro post, que decerto será tão ou melhor que o anterior.
Aproveito para te agradecer o teu comentário lá no meu cantinho.

Um beijo, Beatriz *