Great, Big, White World

(Imagem: Link)


O mundo jamais parava, e era esse o seu maior problema.

Os ossos do pescoço estavam demasiado habituados a pender para o lado direito, olhos demasiado enraizados na imagem passada do retrovisor, jamais capazes de vislumbrar a vida que, supostamente, existe do lado de fora.

Não era mais que um inerte passageiro num veículo desgovernado chamado Vida.
Reprovara em quase todos os exames, abstera-se de procurar formas alternativas de respirar sempre que o fornecimento de ar lhe era cortado, deixara-se ir tempo suficiente para que todos acreditassem que já não era capaz de voltar... Ele próprio, inclusive.

E à falta de estórias escabrosas do arco da velha para contar na primeira pessoa, salvem-se as dos outros: dos suficientemente loucos para desafiar as regras, dos suficientemente lúcidos para não se deixarem apagar, dos suficientemente acomodados para viverem dos pequenos nadas que conquistam e dos quais se vangloriam como se de importância revestidos, os nadas, tantos nadas...

Um dia também ele terá as suas. Estórias! Poderá então ombrear com os homens de barba rija, os vividos que saboreiam uma caneca de 0.40 como se da bebida dos deuses se tratasse, sem se importarem minimamente com os olhares de desdém lançados pelos que são orgulhosamente alguém na tal selva social, pois são felizes à sua maneira... No seu grande, grande mundo branco.

But I'm not attached to your world
Nothing heals and nothing grows
Because it's a great big white world
And we are drained of our colors...

Sem comentários: