Don't You Understand?

(sadness, by merdenik, deviantart.com)



Nem foi preciso dizerem-lho, para que se apercebesse do que era. Miserável.

Engolido pela covardia, característica dos fracos, dos insectos insignificantes mais dignos de viver que ele próprio.
Não quis escorregar pelos becos lamacentos, mas lá caiu de cabeça, chafurdando como os porcos no chiqueiro dos prazeres. Perversos.

Miserável. De costumes, no fundo, de objectivos. É a única palavra capaz de caracterizar tamanha ausência de humanidade, tamanha vergonha para a sociedade, tamanha ausência de tudo. Era como um buraco negro no espaço. Como a árvore seca que não serviu sequer para acender uma fogueira. Como o pássaro moribundo que aterra no solo empedrado, para nem sequer servir de estrume num qualquer pedaço de terra mãe.


Haverá de devolver-se intacto, a quem o criou. Imergido da cólera do ser, só para dar de beber ao mundo o sangue contaminado do seu coração. Será assim, na morte como na vida, o renegado. O vilão. O culpado. O falso apoio. O homem de todas as desilusões... O miserável.


1 comentário:

Joana O. Marques disse...

Adorei a fotografia. O texto gostei muito, como vem sendo hábito :) *