Stone (Im)maculated

(Imagem: Link)


Viera e indagara um imperceptível "como estás?" por detrás daquele véu de timidez que teimava em absorver-lhe a voz, e o ser.

Era um pássaro castrado que não podia voar; um ser pálido e bacoco, vítima de um tempo implacável, e de si próprio.

Arrastara as asas pelo chão, tempo suficiente para já não ter penas.

Eram agora dois pedaços de carne nua, ensanguentados e órfãos de tudo aquilo que um dia os definiu. Eram músculos flácidos e envelhecidos, desprovidos de força, retalhos de uma vida perdida em prol de ninguém.

Quis acreditar que podia fazê-las bater de novo...

Mas o coração estava definitivamente comprometido; Já não bombeava sangue suficiente para que pudesse erguer-se do frio chão de tantos Invernos; Enregelado, era um corpo inerte votado para sempre aos caprichos do vento, e a mais do que isso não podia aspirar.

Resignara-se, por fim, à sua sorte. Afinal, outra não procurou... De que adiantava queixar-se?

Alimentava apenas, um derradeiro desejo: que os seus olhos se fechassem por fim, envoltos em resplendor: sem sofrimento, nem dor...


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