Escalas de lua como de notas musicais, tão sublimes que quase perfeitas para os ouvidos de quem os dias ensinam o significado de todos os hiperbolismos indissociáveis da vida.
Escalas de lua, que à intangibilidade de quase todos os sonhos, nos permitem dar largas à imaginação, salvando-nos do desespero, ainda que temporariamente, ainda que...
Efémeras.
Como tudo o que é belo, também finitas.
Débeis, perante as incongruências dos dias azedos, incapazes de resistir aos ferozes ataques da melancolia, inconsequentes, perante as partidas constantes que a nossa mente teima em pregar-nos, sempre e quando, nos esforçamos para contrariar a sua origem sombria...
Sufocamos lentamente, num esgar de dor, inquantificável aos olhos de quem não a sente, injustificável para aqueles cuja visão do mundo não vai para além do óbvio, para todos os que nunca sentiram na pele a derradeira consequência de certos actos: o deixar de sentir...
E assim vamos morrendo lentamente, nas mãos da nossa própria demência, incapazes que somos de nos libertar, impotentes perante a força do desconhecido, resignados, à inexistência do tal sopro de vida que nunca mais surge, ainda que a vontade, ainda que...
2 comentários:
Tão bela e triste representação do "deixar de sentir...". Na verdade, não há nada tão sombrio e frio quanto tal (ausência de) sentimento.
Beijo,
Ane
Ane,
E tal ausência só é verdadeiramente perceptível, quando vivida... Vista de fora, pode nunca passar de um qualquer capricho, segundo alguns.
Um beijo.
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