Dunkelheit



Quer brote do caos absoluto ou de um segundo de introspecção ao acaso, consome-nos sempre com a mesma intensidade, àqueles que dela nascemos e com ela vivemos, até que um dia

a escuridão.

É quase indefinível, por natureza. Como adjectivar o infinito? Temo-la demasiado entranhada nas profundezas do ser, afoga-nos impiedosamente antes sequer de pensarmos em dar umas braçadas em direcção à salvação...

Não sei nadar.

O sangue ferve e não há banho de gelo, antibiótico ou gesto de bondade alheia que o impeçam de se consumir, de dentro para fora, que de fora para dentro não vem nada,

é um infinito de continuidades que me abafa,

e o ar irrespirável inundado de promessas quebradas, envenenado pelas minhas próprias mãos. Com que direito me posso queixar a alguém?

Um poço sem fundo de inóspito vazio: é o que nos espera a cada virar de esquina, a cada dia que vivemos, nós que somos seres amorfos à espera de qualquer coisa que nos salve,

sabemos lá nós bem do quê...

Não temos salvação.

Deixe-mo-nos, pois, de devaneios, e cinja-mo-nos aos factos: só temos uma escolha a fazer, e com ela haveremos de viver ou deixar morrer...

Continuamos?


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