A tortura da incerteza. O não poder confiar em mais ninguém, quando disso necessitava mais do que de pão para a boca. Os punhais, cravados nas costas.
É disto que eu vivo, meus amigos... É nisto que me vou afogando.
E hoje até vos falo em discurso directo, mais indiferente que nunca ao que de mim possais pensar. É como uma faca de dois gumes, este "ofício" da escrita... Alivia, espremer a alma neste espaço negro - saber que como nós existem outros, também eles vagueando em busca de algo que não podem obter, em busca do remédio capaz de curar a ferida que nenhum outro conseguiu... Sabe melhor que o abraço daqueles que (hipocritamente) dizem compreender o que sentimos... Hipocrisia ou falsa solidariedade, a única dúvida reside no termo aplicável - ninguém me convencerá, jamais, que alguém que assim não (se) sinta possa entender, ou sequer imaginar, o que se passa cá dentro...
Por outro lado, a certeza de que a sanidade há muito partiu, quando da vida mais não se espera senão o seu próprio fim... E digo-o, com a certeza de quem sobre ele (o fim) vem reflectindo, desde o dia em que lhe perguntaram se, de facto, alguma vez o tinha realmente feito...
É o reverso de uma medalha que eu, mais que nunca, desejava que ninguém me tivesse oferecido...
2 comentários:
É sempre aprazível revermo-nos nas palavras de outrem. E na realidade, as palavras não são de ninguém senão de todos nós, desde que as sintamos de maneira indistinta. Nem mesmo esses que referes te entenderão por completo, ausentes que estão nas suas torres de marfim. Mas pelo menos tê-los-ás sempre que queiras. Mais verdadeiros de si do que nunca.(dispenso por isso agora o envio de um abraço em forma de cumprimento sincero, pois sabes onde me encontro).
OS DIAS
São como aves de rapina
A sobrevoar presas de plástico.
Inventam-se tempos de solidão.
O tédio emerge na fronteira
De um espaço por decifrar.
Os dias são...
São apenas o que deles fizermos.
Beijo GRANDE
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