Quem Me Leva Os Meus Fantasmas?


Aquele era o tempo

Em que as mãos se fechavam
E nas noites brilhantes as palavras voavam,
Eu via que o céu me nascia dos dedos
E a Ursa Maior eram ferros acesos.
Marinheiros perdidos em portos distantes,
Em bares escondidos,
Em sonhos gigantes.
E a cidade vazia,
Da cor do asfalto,
E alguém me pedia que cantasse mais alto.

Quem me leva os meus fantasmas,
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?

Aquele era o tempo
Em que as sombras se abriam,
Em que homens negavam
O que outros erguiam.
E eu bebia da vida em goles pequenos,
Tropeçava no riso, abraçava venenos.
De costas voltadas não se vê o futuro
Nem o rumo da bala
Nem a falha no muro.
E alguém me gritava
Com voz de profeta
Que o caminho se faz
Entre o alvo e a seta.

Quem leva os meus fantasmas,
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?

De que serve ter o mapa
Se o fim está traçado,
De que serve a terra à vista
Se o barco está parado,
De que serve ter a chave
Se a porta está aberta,
De que servem as palavras
Se a casa está deserta?

Quem me leva os meus fantasmas,
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?*



*Pedro Abrunhosa, Quem Me Leva Os Meus Fantasmas

3 comentários:

Sílvia disse...

Embora, como discutíamos há minutos, o autor/cantor da música não faça o melhor proveito da letra e arranhe a sua essência, é sem dúvida um magnífico conjunto de palavras que muito se adequa a ti, daquilo que me apercebi nas muitas horas de conversa que já tivemos.

Ninguém pode levar os teus fantasmas, mas talvez consigas estabelecer tréguas entre vós.

Pólvora disse...

5ª feira às 16h15 ou 18h15.

Aqui.

Para quê?: Afastar esses fantasmas e dar-te a conhecer os meus, pois também os tenho.

AMO-TE

Anónimo disse...

Por muito que o cantor não seja do melhor, a música é excelente! Ele há coisas com razão!