Flown Memories...

(Hand, by Bay TEK, deviantart.com)



Flashbacks
- intermitentes, como o pingar de uma torneira mal apertada numa noite gélida de inverno. Era tudo o que restava, no que a boas recordações (passadas) dizia respeito, naquele cérebro embatucado, e também ele, a espaços, intermitente.

Recordações de tempos em que a vida em si não era um fardo intransportável, de tempos em que, apesar de tudo, foi feliz. Era pelo menos essa a percepção que tinha, presentemente - de que nesses tempos passados, de uma forma ou de outra, ele conseguía de facto ultrapassar obstáculos, apreciando dia após dia, o facto de continuar vivo.

E no dia em que tudo se descontrolou, ele próprio se afastou das pessoas que poderiam ter-lhe aparado as quedas... Uma, e outra, e mais outra vez.
Fê-lo, por ter tomado consciência do facto de que ninguém é tão forte, a pontos de aguentar tais impactos, por mais que essas mesmas pessoas afirmassem o contrário. Não se sentiu capaz de tamanha crueldade para com elas, preferindo ao invés isolar-se do mundo, no seu escuro e impenetrável lugarejo.

Hoje é um monstro - reflexo e consequência das suas escolhas. E são tantas as histórias, tantas as palavras que poderia aqui colocar, dançando ante os vossos olhos...
Talvez um dia todos vós conheçais a história, deste personagem moribundo que teima em não se deixar ir - ainda que tal não feche, em definitivo, a sua presença na vida, e no pensamento, de quem um dia teve o infortúnio de com ele se ter cruzado...

3 comentários:

Joana Lima disse...

Às vezes consideramos infortúnios as experiências mais ricas que tivemos. Foi concerteza o caso daqueles que com "ele" se cruzaram. "Ele" que se acha monstro num espelho distorcido da realidade. A "ele" eu digo o que me disseram uma vez: "as depressões e os momentos em que odiamos o ser que somos e questionamos os males da nossa mente são próprios de pessoas inteligentes. Considera-te abençoado dentro da tua maldição enquanto ser pensante e dono duma bestial sensibilidade".
um beijo

Anónimo disse...

Torna-se difícil dizer o que quer que seja após as palavras da Joana. Todos temos os nossos refúgios mas não nos podemos esconder eternamente.

Anónimo disse...

Deves ser o moribundo com mais vida que eu já vi
Soul of Storms
bj