Compassos

(Imagem: Link)


Formas geométricas, desiguais, distorcem a visão do criador. São reflexos de negritude, estereótipos de amargura, caixões pregados no vazio das pálpebras.

São lágrimas...

... Que de tanto baterem nas pedras dos dias, há muito se transformaram em sangue, corridas a pontapé dos rostos de quem já não as pode albergar.

Os ventos de mudança foram sempre tumultuosos, a pontos de anteciparem, uma e outra vez, tempestades tão fortes que, capazes de inundar a alma, encerravam em si pesadelos capazes de resistir a quase tudo.

Mas no final... O silêncio.

Silêncio, quando às orelhas moucas já não chega a voz da razão, silêncio, sempre e quando for essa a única forma de não ensurdecer, silêncio: senão perante vontades alheias, pelo menos, como forma de nos salvarmos da cólera que a intolerância provoca nos homens, sempre que no final do dia se sentem perdidos, algures numa selva para a qual não foram criados...

...e mais não conseguem ser senão uma sombra, vã e cega, perante o ecrã de um computador, queimando o que lhes resta de uma criatividade perdida no tempo, e que mais não significa, senão...

O fim...

4 comentários:

Fabiana disse...

pensava que nunca mais ia voltar.
-
apesar de tudo, não acho que esse seja o fim, não por enquanto.
se acreditar nisso, estarei decretando-me como morta-viva e acho que é cedo para tal...
o que não me impede de curtir o pesar crônico pela minha situação, pela sua e pela de tantos outros como nós.

muito massa o texto.
tente estar sempre por aqui, tuas palavras fazem falta.

Unknown disse...

Gosto bastante da intensidade dos teus textos, parece-me que cada palavra sai de tuas entranhas e rasga a tua alma como uma foice impiedosa...

Há muito tempo já tinha saudade de tuas palavras, de tuas visitas.

Beijo grande,
Ane

Demian disse...

Minhas queridas,

Obrigado por continuarem desse lado, mesmo depois de eu ter abandonado isto durante tanto tempo.

Penso que jamais voltarei a escrever com tanta frequência como antes, mas por cá continuarei, enquanto ainda tiver forças.

Um beijo grande para as duas.

Unknown disse...

Oh, meu querido! Que pena! Também estive ausente do Lacunas por um longo tempo, mas estou tentando voltar, aos poucos.

Espero que você esteja bem, Grave! Que tuas forças nunca te abandonem, meu bem! :)

Um beijo grande e um abraço apertado,
Ane