Maquinista de quase todos os comboios sem destino, passageiro porém, perante a inevitabilidade de certos fins, impotente que sempre fui perante forças que, instaladas no núcleo central de processamento desta máquina enferrujada, se desencadeiam a seu bel-prazer, sempre e quando, da insalubridade dos dias emergem sentimentos contraditórios, como o sejam, o amor, por oposição à negritude do meu ser.
Em tempos já distantes, achava eu, inocente, ser possuidor de um conhecimento sobre a matéria, de tal forma vasto, que me haveria de impedir de cair nos abismos em que os outros, à minha volta, mergulhavam, também eles assomados pela histeria mais ou menos controlada em que as suas vidas mergulhavam, aquando da chegada do tal cupido.
Os meus ombros serviram de conforto a tantos seres, que por mais que viva, dificilmente derramarei, até ao final dos meus dias, lágrimas que cheguem para equilibrar a tal balança dar-receber (ou não fosse essa a minha sina, desde sempre).
Tantos anos volvidos, e ainda que não completamente convencido, rendo-me por fim às evidências: tudo o que eu pensava saber, sobre o assunto, se resume a um grande, gigantesco, tremendo NADA...
Ou, pelo menos, é desta forma que me apetece pensar, perante os acontecimentos recentes.
Porque, a deixar-me levar pelas marés do costume, ondas gigantes apoderar-se-ão de mim uma vez mais, provocando o derradeiro tsunami que me varrerá da face da terra, de uma vez por todas.
Se será assim, ou com mais molho... "A ver vamos, como diz o cego"...
5 comentários:
Queres ser atropelado? Apaixona-te!
Queres perder o controle? Apaixona-te!
A paixão o amor e outros é para os corajosos :)
Boa vertigem, os pilares estão aqui, nos amigos.
Vive e carpe diem
(já comia mais queijo e jogava uns joguitos)
Lamento desiludir-te meu querido, mas há sempre abismos para cairmos, não fossem eles dotados de uma camuflagem sem igual.
Acho que nunca poderei igualar essa balança, o que me deste a mim dificilmente conseguirei arranjar maneira de dar na mesma magnitude.
Quer queiras quer não, és um romântico tal e qual como eu, por mais que tentes fugir, é à volta do amor que os ponteiros do relógio andam e nós andamos por ali, presos naquela rotina como marionetas. Cheguei à triste conclusão que é inevitável.
Hoje estou naqueles dias em que não sei se não será melhor a ausência de amor, ele sufoca tanto e ainda faz sofrer mais...
Mas de uma coisa tenho a certeza, com ou sem amor, andar nas "marés do costume" não leva a lado nenhum.
Saudades *
Gravepisser, só agora estou a conhecer este teu espaço. Vejo que consegues transformar a língua, que no inicio é sempre pedra, em estátuas.
O amor vai e vem. É como tudo. Sempre coberto por uma capa, e ninguém sabe qual vai ser a sua próxima paragem. Não vale a pena marcar encontro.
Acho que ele ainda não me encontrou. Acho.
Abraço ;)
Grave, amigo... O que poderei eu dizer-te? Caí neste abismo uma vez e, hoje, por mais que invente paixões e desenhe sorrisos, ainda não consegui emergir das trevas.
Boa sorte! E como bem sabes, "os pilares estão aqui, nos amigos."
Beijo grande,
Ane
Mas saberá alguém alguma coisa que o impeça de cair neste abismo?
Não andaram iludidos aqueles que acham que sabem, e vivem os que sabem que não sabem as quedas e não quedas, rápidas, arrebatadoras, dolorosas, excitantes. Quedas que são também ascensões a outros mundos...tão bons mundos...e maus também. Que dificil.
Serei eu a mais leiga neste assunto, muito embora me ache a maior conhecedora.
O problema é que já começo a sentir falta de me deixar cair...
a vida...caro colega blogosférico...como é complicado saber vivê-la.
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