Écailles de Lune

(Imagem: Link)


Escalas de lua como de notas musicais, tão sublimes que quase perfeitas para os ouvidos de quem os dias ensinam o significado de todos os hiperbolismos indissociáveis da vida.

Escalas de lua, que à intangibilidade de quase todos os sonhos, nos permitem dar largas à imaginação, salvando-nos do desespero, ainda que temporariamente, ainda que...

Efémeras.

Como tudo o que é belo, também finitas.

Débeis, perante as incongruências dos dias azedos, incapazes de resistir aos ferozes ataques da melancolia, inconsequentes, perante as partidas constantes que a nossa mente teima em pregar-nos, sempre e quando, nos esforçamos para contrariar a sua origem sombria...

Sufocamos lentamente, num esgar de dor, inquantificável aos olhos de quem não a sente, injustificável para aqueles cuja visão do mundo não vai para além do óbvio, para todos os que nunca sentiram na pele a derradeira consequência de certos actos: o deixar de sentir...

E assim vamos morrendo lentamente, nas mãos da nossa própria demência, incapazes que somos de nos libertar, impotentes perante a força do desconhecido, resignados, à inexistência do tal sopro de vida que nunca mais surge, ainda que a vontade, ainda que...

When Darkness (Doesn't) Fall

(Imagem: Link)


Sorvo tragos dos dias, plenos de ausências, e atolado numa espécie de embriaguez dos sentidos, eis-me, não perante vós, mas perante mim mesmo.

Já não sou quem era, e de quem fui, mais não restam senão as sombras de um passado intemporal, que ora distante, ora presente, teima em não me deixar respirar, necessitado que estou, cada vez mais, de um sopro de vida que, a espaços, parece querer existir... Só para se desvanecer, novamente, numa aurora qualquer.

Já não consigo encontrar-me, perdido que estou neste emaranhado de sentidos, exausto, de tanto correr para lado nenhum, confuso, por já não saber o que esperar mesmo quando tinha a certeza de já ter percebido como funcionam certos mecanismos, os tais "amores" que, contemplados na primeira pessoa, teimam em querer cair a meus pés, antes sequer de eu ser capaz de agarrá-los, de agarrar-te...

Sobram as justificações do costume, aquelas que de tantas vezes repetidas, se entranharam em mim, de uma tal forma que já nem o mais forte diluente é capaz de removê-las. Como um veneno, cujo antídoto jamais fui capaz de encontrar, ainda que ele tenha estado, hoje e sempre, ao meu alcance.

Estranho destino, este, que teimaram em traçar-me, cientes de que a minha força, por si só, seria incapaz de derrubar todos os obstáculos que me ergueram à partida.

Sou capaz de salvar-vos, mas não consigo salvar-me a mim.

E assim sendo, com que amanhãs posso eu sonhar, sozinho que estou neste barco, furado, à deriva no mar tempestuoso?

...

Harvest (Live)


Uma dose de "Death Metal Fofinho" (© Beatriz 2010), para animar a tarde. :D