(Circle, by katewphotography, deviantart.com)
Dêem-me. As balas, os cacos e o Sol. Posso não vos fazer uma omeleta, com esses ovos que me dais, mas uma coisa vos garanto: não vos ireis rir de mim por isso. Ofuscar-vos-ei de tal forma esses olhos indignos, que perdereis tudo: o tacto que vos permitiria colocar a bala no tambor, rodando-o até à posição correcta; o discernimento, para que jamais consigais optar de novo, entre o verdejar dos novos dias e a podridão habitual dos que já passaram; e a dignidade: para que percebais por fim, que as pedras que um dia me atirastes, só ganham força com o tempo, afinal são boomerangs!
A mim, ninguém me cala. E eu vos juro, leitores: não me chamo Manuel Alegre.
Chamem-me o que quiserem, mas não me apelidem. Dispenso cognomes, não sou rei de ninguém, e é aí que mora a ironia-mor. Ainda que cuspais desses laivos, num sentido figurado obviamente, eu sou, apenas, um mero mortal.
Podeis dizer e achar o que quiserdes. Só não podeis mudar-me, por mais que o tenteis. E se disso tentardes fazer objectivo, uma vez mais vos replico: contai comigo para vos puxar atrás a culatra, quando finalmente perceberdes que o que vos digo é, apenas e só, autêntico...
E nada neste espaço acontece por acaso, meus amigos... Esmiuçai cada frase até ao mais ínfimo pormenor, e mesmo assim, estareis longe... Muito longe de definir o que quer que seja, quanto mais um padrão! Quanto mais, catalogar-me... Eu que sou um orgulhoso desconhecedor da localização dessa biblioteca que apenas contem as páginas com pontas dobradas dos livros...
Far away... So far away... ... ...