(Imagem: Link)
Sentimo-nos desapossados de todos os bens, materiais, imateriais, tudo, enfim
e nem tempo temos para parar e questionar-nos: como é possível termos chegado a este ponto?
Está em marcha uma corrida louca, do tempo contra nós próprios, e não há esquinas que nos protejam das chamas de um inferno real que nos consome,
por mais geladas que estejam,
por mais vontade que tenhamos de as deixar amenizar as fúrias que nos controlam...
Necessitamos urgentemente de um néctar qualquer que nos permita continuar, mas não sabemos de onde desenterrá-lo...
Será possível extrair ao vazio a essência da vida?
Outra coisa não fazemos senão tentar, e falhar, uma e outra, e mais outra vez,
até que cansados de arrastar os pés sangrentos,
nos daremos por vencidos num descampado qualquer, debaixo de um luar qualquer num lugar qualquer.
E quando prostrados no chão vazio, teremos então ao alcance das nossas mãos as raízes putrefactas de uma vida sem norte,
para que possamos então arrancá-las e descansar,
nos braços de um silêncio qualquer.
Por fim...