Miserable Bliss

(Imagem: Link)


Não sei ao certo se, provém do nauseabundo odor a ausências, tal sensação. Descrevo-me apenas como: sem sentido.

Perco-me demasiadas vezes, nos meandros de nenhures; estou já demasiado embrenhado, neste marasmo de ideias; não conseguirei soltar-me jamais, destas amarras invisíveis que me prendem à loucura.

Consumo-me tão fugazmente como a mortalha de um cigarro, feito à pressa e sem jeito, no bulício descoordenado a que a ausência de nicotina obriga... Quero travar uma vez mais, mas quais pulmões?

Este sufoco,

cianótico

vai conduzir-me ao a um destino intragável, inevitável, incontornável.

Reinventei-me vezes demais; por hora contemplo a quietude do meu corpo inerte, condenado à eterna solidão nos poucos dias que lhe restam... E, mudo, assisto ao final dos tempos, qual visionário cego (de utopias inexequíveis), idiota...

Não fui feito para este mundo...

E ele não foi feito para mim.

Fog

(Imagem: Link)


Se é conhecido de antemão, o destino para o qual nos dirigimos, porque nos sentimos perdidos sempre que à noite, o nevoeiro?

Temos as almas demasiado torturadas, para que do misticismo próprio do fenómeno atmosférico, consigamos retirar mais do que um punhado de melancólicas recordações, que à mistura com vãos vislumbres de melhores futuros, nos toldam o cérebro mais que a visão, à noite.

Ela fala comigo, e eu quase não a ouço... Tenho os ouvidos demasiado cheios de nada.

Não posso deixar, contudo, de sonhar, como ela... Sabem sempre bem, aquelas pausas momentâneas, na negritude do ser; tudo o que nos separa, se prende por um detalhe tão pequeno, como a expressão do tempo...

E se um dia, a felicidade se sobrepuser à efemeridade de momentos felizes, como aqueles que temos vivido? Existirá vida, para além deste sufoco?

Será...?