Delírios


Se de entre memórias, o tempo

Mais não fosse que infinito,
E seria
Feliz.

Ou o infortúnio da finitude,
Da imaculada beleza, fundada
Em todos os nadas
Mais não fosse que presente,
Real…

Existiria, susceptível,
À infinita perfeição,

Do utópico sentido de eterna paz
E seria
Feliz.

Por entre sombras de florestas,
Abismos sem fim tomados ao som
Dos tambores, das vozes joviais
De quem sem nada, nem tudo, será
Feliz

Partirá um dia com a esperança
De um coração livre de todos
Os nadas que o enchem de dor
E lhe negaram, o ser
Feliz…


(escrito por mim a 31 de Janeiro de 2008)

Glósóli


É quase tão raro como um sorriso sincero, nos dias que correm, encontrar pérolas que brilhem o suficiente para que proporcionem, ainda que momentaneamente, uma liberdade tão grande de espírito, a pontos de no-lo deixarem voar...

Esta é uma delas...

Sem Palavras...


Eu hoje até estou um bocado triste, como é costume... Pediram-me para escrever sobre o assunto, mas depois recebi o link deste vídeo por e-mail, e... Não fui capaz de escrever mais nada... Desculpa.

Dear God



Excelente vídeo realizado por Bryan Sandlin, para a extraordinária cover que Sarah McLachlan fez da música original dos XTC. A letra desta música, refira-se, diz bastante daquilo que eu penso sobre esse tal figura utópica que as religiões criaram. É ouvir e tirar as suas próprias conclusões.

The Unreachable Happiness

(Lost Eden, by selphys, deviantart.com)


Tão pesadas que insustentáveis, estatelam-se no chão assim que caem. As lágrimas, que já não lhe purificam nada além da interminável, indomável fúria de si. Que já não liberta...
Transformam-se então em pedras, por lapidar, mais duras que diamantes. Afiadas, atiram-se a quem ousou chorá-las... E os estragos que causam jamais poderão ser reparados.

A ausência de gravidade revela-se então, quando pelo pescoço já não consegue agarrar o que aos poucos o esmaga, com força. Escapa-se-lhe por entre os dedos e voa, flutua inalcançável à mão humana que foi incapaz de impedir a sua criação, a sua extinção.

No final, tudo o que resta é o quase nada de sempre. Os sons que só ele conhece, dentro de si jamais sairão... As imagens, daquilo que mais não é senão a sua concepção da beleza suprema pela qual se deixaria contaminar, a qual deixaria entranhar-se no seu corpo até ao mais ínfimo poro da sua pele, caso elas fossem, obviamente, mais do que um mero produto da sua imaginação...

Ah, se pudesse ao menos visitar um dia tal lugar... Ainda que por um segundo, partiria feliz. Em paz, afinal era apenas isso que ambicionava. A paz... A PAZ.

Por Quem (Não?) Esqueci...


Uma vez mais sem razão nenhuma em específico, e desta vez, nem sequer estou atacado pela melancolia de sempre... Apenas para desfrutar de uma das melhores músicas alguma vez produzidas em terras de Camões.

Há uma voz de sempre,
Que chama por mim.
Para que eu lembre,
Que a noite tem fim...

Por sinais perdidos,
Espero em vão.
Por tempos antigos,
Por uma canção...

As If I Ever...



Histórias se contam, histórias haverão de continuar a contar-se com mais ou menos fulgor, assim o permitam as contínuas e irritantes intermitências de uma vida que à sombra, ou à luz do candeeiro, se dedica cada vez menos à preservação do inestimável valor daquilo que a fez, um dia, valiosamente bela.


Assim eu continue, a acreditar que é possível esquecer. Quiçá não seja, e eu continue apenas a alimentar a vã esperança de um dia subir até ao limite de mim mesmo, pisando e repisando o que me impede por hora de o alcançar… As memórias. As memórias…


Assim vocês continuem, desesperadamente, a tentar tirar-me do tal poço, ainda que não exista no mundo corda alguma, suficientemente longa para atingir o fundo, suficientemente forte para aguentar o peso de vinte e tal anos de frustrações, mágoas e desilusões.

Um dia virás comigo, provarás desta água com sabor a morte que me deste a beber, sabendo que era nisto que me transformaria… E também tu, que cedo arruinaste o futuro do teu próprio projecto, abandonando cobardemente o barco no único bote salva-vidas existente, depois de seres o causador do seu naufrágio. Afundar-se-ão ambos comigo, no dia em que perante vós eu apresentar a factura pelos serviços que me obrigastes a prestar, a mim próprio, e àqueles que menos mereciam estar a passar, e ter passado, por tudo isto…

“Porque quando o sol se puser, poderás ter de enfrentar... o fim…” …


Feliz ano novo, meus amigos.