O captain, my captain! (Até já)...


You're only given one little spark of madness. You mustn't lose it.


Felizmente certos homens são imortais. Seria demasiado triste, termos que nos despedir deles com um até sempre qualquer, sem hipótese de regatear ao tempo só mais cinco minutos da sua presença.

De um dos maiores actores de sempre (grandioso em todos os sentidos importantes da vida, segundo quem o conhecia) sobra imenso para matar saudades: as palavras, as imagens, as histórias... Essas nunca morrerão, sintamo-nos pois afortunados por termos tido o prazer de partilhar o tempo das nossas vidas com um indivíduo capaz de nos despertar tantas (boas) emoções, num mundo cada vez mais frio e desprovido de sentimentos (bons).

Foi um prazer, Robin. 

Muito obrigado, e até já...

The Hopeless Longing of Tomorrow

(Fonte: Deviantart)


Não sei bem o que nos faz querer escrever, apenas e só quando a alma se desmorona, e cai a nossos pés em pedaços demasiado finos para que possamos apanhá-los com os nossos próprios dedos, ou os dos outros.

Teimam em escorrer até à ponta da caneta, fragmentos de memórias, fantasmas de desejos, amontoados de pequenos nadas que desejamos ainda assim possuir, pequenas brisas que penetram pelas frestas dos vidros partidos das janelas apodrecidas de uma casa que alugámos mas nunca chegámos a habitar.

O vento gelado que encontra no suor dos nossos corpos febris o seu anti-climax, percorre as paredes e derruba os retratos de um passado que teimamos em perpetuar, como que dizendo-nos, "é preciso cinzelar o futuro mais habilmente do que o passado"; mas o que sabemos nós sobre isso se escultores não somos, se os pretéritos nos pesam nos ombros toneladas inamovíveis, se futuro nos parece uma expressão anedótica só ao alcance dos outros?

Temos a ousadia de afirmar que vivemos reféns dos nossos próprios medos, como se a assumpção de tal facto contribuísse por si só para a desintoxicação do corpo, para a purificação do sangue envenenado que nos corrói e mata, quando na verdade, o mais que faz é nada! A não ser talvez, conduzir-nos por um caminho de não-retorno, a um estado de catarse irreversível que nos deixa indiferentes a tudo o que de bom nos rodeia, porém receptivos à crueldade da vida como nenhum outro animal que habite este mundo.

Um dia haveremos de libertar-nos dessa teia negra, e começar a viver. Preciso de embriagar-me nessa esperança, para conseguir continuar a respirar... Na certeza porém de que não estará para breve, mas para um dia...

Um dia.