Beautyness

(Imagem: Link)


Cruel mundo este, que alberga as sociedades mais repugnantes que existem: as sociedades dos homens, animais como os outros mas que ao contrário destes, tardam em perceber a sua insignificância, perante a mãe natureza, e o restante universo.

Cruel mundo este, onde os que compõem as tais sociedades se negam ao mais básico dos gestos de compaixão, perante os seus semelhantes, perante os desvalidos que, por culpa do dinheiro ou de um copo de vinho, se abatem no gélido chão, tombados pela mão do cobarde que ri com o choro de quem não pode defender-se.

Perante isto, definam-me "beleza".

Ou preferem que eu lhes aponte o que não é, afinal, digno desse adjectivo?

Em boa verdade, sentir-me-ia tão à vontade neste campo, que a minha demarcada parcialidade seria porventura suficiente para vos entristecer, e assim, prefiro não o fazer.

Prefiro continuar a absorver dos sonhos, utopias; pensar que a cruel verdade dos dias mais não é que uma espécie de contra-balanço, preparando-nos para o futuro risonho que banhará todos os que nos são queridos, como um raio de sol que por mais que nos ofusque, lhes trará a felicidade merecida, a eles, e por consequência, a nós próprios...

Prefiro continuar a não ser belo, se dessa forma não tiver que me render aos que agora critico, e nos quais correria o risco de me transformar, mudando.

E enquanto eu assim for, eternamente só, o mundo continuará a girar, pois é assim ele faz sentido, pois para eles nunca de outra forma o fará, enquanto eu não for capaz de o assimilar, enquanto eu não for capaz de admitir perante vós, que nele existe...

beleza.


(Texto Presente na Fábrica de Letras)