Empty



Empty vessel under the sun wipe the dust
from my face another morning black Sunday
coming down again.. coming down again
Empty vessel empty veins
empty bottle wish for rain that pain again
wash the blood off my face the pulse from my brain
And I feel that pain again

I'm looking over my shoulder cause millions
will whisper I'm killing myself again
Maybe I'm dying faster but nothing ever last I
remember a night from my past when I was
stabbed in the back and its all coming back
And I feel that pain again

I abhor you I condemn you cause this pain
will never end you got away without a
scratch and now you're walking on a lucky
path I have to laugh but you'd better watch
your back

there's pathetic opposition they're the
cause of my condition I'll be coming back
for them I've a solution for this sad
situation nothing left but to kill myself again
Because I'm so empty...

Memorial - Part II

(Gloomy, by RaziMysteria, deviantart.com)



Memórias haverão de consumir-nos para sempre. No seu vortex inescapável e inconfundível pelo cheiro azedo às mortes que por lá pairam, pela podridão das almas perdidas que jamais alcançarão a utópica paz.

Vagabundos, na soma de todos os nadas. Já não somos capazes de respirar, de tão envenenada que se encontra a atmosfera dos nossos inexequíveis sonhos de infância.
Haverá um dia em que das eternas feridas mais não correrá que as sangrentas lágrimas das vossas lamentações, ainda que, a bem dizer, vos frise de novo: vós não tendes culpa de nada. Talvez apenas, do facto de nunca me terdes dado ouvidos, de jamais terdes dado importância às palavras duras que vos dirigia acerca das coisas. Porque eu era uma criança, verdade? Como é que as crianças podem ter algum dia a noção do que dizem? Não podem…

É tarde demais… Demasiado tarde para acreditar que ainda é cedo. Estou já demasiado velho para crer noutra coisa que não nas insignificâncias de todos as definições que algum dia me possais atribuir. Tentais adivinhar-me e de mim mais não apreendeis que o mais ridículo dos óbvios. Achais-vos contudo merecedores da minha compreensão… Estando eu certo que de mim mais não podereis obter senão a eterna ausência dos que, presentes, estão mais distantes que os pólos da terra.

Peço-vos por isto, por tudo e por nada: não volteis a fitar-me com o olhar penoso de quem observa os últimos passos de um condenado. Se há coisa de que me poderei orgulhar no dia em que deste mundo levantar os pés, é do facto de apenas ter dançado ao som da minha própria música… Ainda que não possa ser atribuída apenas a mim a totalidade da composição de um requiem que ouvireis indubitavelmente, no dia em que eu assim decidir.

Se ao menos me tivesses dado importância… Criança maldita que caminha morta entre os vivos…

…Cruel be the wind as it quells my words… I shout out to the rain…

Faded Mournings

(the bird watcher, by gilad, deviantart.com)



Venham de lá essas lágrimas, meu velho… Das entranhas desse corpo enferrujado pela insuportável dureza dos anos sofridos em vez de vividos. Ou da impureza desse olhar vítreo, pleno de todos os vazios a que te sujeitaste, a que te sujeitaram durante essa tua longa e infrutífera jornada.

Do vazio desses passos lentos, ziguezagueantes pela inclemência do álcool que vai consumindo a pouca vida que te resta, venha de lá esse abraço. Choras-me no ombro e que consolo te posso eu dar, se da grande diferença de idades não pode ser subtraída a maior das vontades?
Acabas-te nesse último copo do mais carrascão dos vinhos, espelho da mais irónica das verdades, ou da inegável opacidade de toda e qualquer janela de esperança que pudesse restar-te… Eu disse esperança? Não te rias… Eu sei que foi só tua esta opção. Mas tenho o direito de cravar na mesa o punho da revolta, quando os vejo cuspir-te em cima ao invés de ajudar-te a levantar, quando os vejo rir à tua custa, senhores de uma certeza nauseante: a de que jamais acabarão como tu.

Chegaste finalmente ao término da tua caminhada. Colocas sobre a minha a tua mão cansada, e sussurras-me ao ouvido um trémulo “está tudo bem” enquanto sorris pela última vez. Observo nos teus olhos o insuportável arrependimento pela forma como fizeste da vida o mais negro dos festins de horrores. E o medo… Tu que sempre foras corajoso pereceste ante mim como se de uma criança amedrontada pela escuridão do seu quarto, à noite, te tratasses…


Nem a chuva que se mistura com a terra que cai sob o teu caixão de madeira negra consegue limpar as lágrimas deste teu último amigo... Ou será melhor dito “único amigo”?

Conheci-te hoje e já me morreste… Venham de lá essas lágrimas, meu velho.